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Artistas asiáticos brasileiros se unem em manifesto contra o meme “Pé de Chinesa” e denunciam racismo recreativo

Um grupo de artistas brasileiros de origem asiática, incluindo Tati Takiyama, Ana Hikari, Bruna Tukamoto, Bruna Aiiso, Jacqueline Sato, Aya Matsusaki, Anna Akisue, Claudia Okuno e Carlos Chen, se posicionou publicamente contra o meme “Pé de Chinesa”, que viralizou nas redes sociais recentemente. A falsa novela, criada com o uso de inteligência artificial, tem gerado polêmica ao reforçar estereótipos racistas e promover o chamado “racismo recreativo” contra a comunidade asiática no Brasil.

O meme surgiu a partir de uma “novela fake” criada coletivamente por internautas, utilizando inteligência artificial para simular uma suposta produção da TV Globo. Na trama fictícia, uma jovem criada na China se muda para São Paulo em busca de vingança pela morte de sua avó e para encontrar sua mãe desaparecida. Apesar de ser uma criação puramente digital, a “novela” ganhou popularidade nas redes sociais com direito a abertura, personagens fictícios e uma série de piadas que rapidamente viralizaram.

“Pé de Chinesa” foi amplamente criticado pelos artistas por resgatar estereótipos e preconceitos históricos que afetam a comunidade asiática. O nome faz alusão ao “Pé de Lótus”, uma prática ancestral na China, em que os pés de meninas eram enfaixados de forma dolorosa para atingir um padrão de beleza, resultando em deformidades e sofrimento. Ao utilizar esse termo em um contexto humorístico, a brincadeira banaliza um episódio doloroso da história chinesa, desrespeitando as mulheres que sofreram com essa prática.

Além disso, o meme utilizou termos pejorativos e ridicularizou a fonética das línguas asiáticas, reforçando o preconceito linguístico. A prática do yellowface, quando pessoas não-asiáticas se apropriam de características físicas ou culturais asiáticas de forma caricatural, também foi destacada como uma das principais críticas do grupo. No meme, os personagens fictícios recebiam nomes como “Guioza Tempurá” e “Na Malia”, e desempenhavam profissões estereotipadas, como vendedores de pastel e donos de lojas de R$ 1,99, perpetuando estigmas e diminuindo a representatividade asiática na mídia.

O que é racismo recreativo?

Racismo recreativo é um termo cunhado pelo pós-doutor em direito Adilson Moreira para descrever práticas de racismo disfarçadas de humor, frequentemente justificadas como “brincadeiras” inofensivas. Esse tipo de racismo utiliza estereótipos raciais como base para o humor, transformando em piada características e traços culturais de grupos minoritários. Apesar de parecer inofensivo para quem pratica, o racismo recreativo reforça preconceitos e desinformação sobre as comunidades retratadas, legitimando a discriminação e o preconceito.

Na carta aberta publicada pelo grupo, os artistas asiáticos brasileiros explicaram como o meme afeta negativamente a forma como a comunidade amarela é vista e tratada na sociedade. Eles destacaram que o meme traz à tona problemas históricos e culturais que ainda impactam a comunidade asiática no Brasil e no mundo. Segundo os artistas, o uso de estereótipos, mesmo em tom humorístico, contribui para a marginalização e o desrespeito às suas experiências e identidades.

A carta, publicada inicialmente no site F5 da Folha, busca conscientizar o público sobre o impacto negativo desse tipo de conteúdo e promover um debate mais profundo sobre a representação de minorias na mídia. Os artistas pedem um retrato mais respeitoso e responsável das diferentes culturas e etnias presentes no Brasil, enfatizando a necessidade de combater o racismo em todas as suas formas, incluindo o racismo recreativo.

A manifestação dos artistas gerou grande repercussão nas redes sociais, com muitos internautas apoiando o movimento e reconhecendo a importância do debate. O grupo espera que o manifesto leve a uma reflexão mais ampla sobre a forma como a comunidade asiática é retratada na mídia e na cultura popular brasileira. Além disso, a carta aberta visa incentivar a criação de conteúdos que respeitem as diferenças culturais e promovam a inclusão, sem recorrer a estereótipos que perpetuam preconceitos.

Confira o manifesto aqui.

Fonte: (1) | Foto: Divulgação

Daniele Almeida

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