No mundo do entretenimento japonês, a Johnny & Associates sempre foi sinônimo de sucesso e fama. Por décadas, a talent agency liderada por Johnny Kitagawa moldou a indústria do J-pop, lançando e promovendo inúmeros grupos e ídolos amados pelo público. No entanto, por trás dos holofotes brilhantes, surgiram sombras de um escândalo que assombrou a agência ao longo dos anos: alegações de abuso sexual contra Kitagawa.
As acusações de abuso sexual contra o falecido fundador da Johnny & Associates circularam em revistas e livros por décadas, mas foi somente com a repercussão internacional que a imprensa doméstica japonesa finalmente se viu impelida a cobrir o assunto.
A primeira menção das alegações remonta a 1965, quando a revista semanal Shukan Sankei publicou uma matéria que incluía uma citação de um membro da Johnny’s alegando ter sido abusado sexualmente por Kitagawa. Em 1988, Koji Kita, ex-integrante do grupo Four Leaves, publicou um livro detalhando sua própria experiência de abuso nas mãos de Kitagawa. No entanto, apesar dessas revelações, a mídia japonesa praticamente ignorou as acusações, deixando as vozes das vítimas silenciadas.
Foi somente em 1999 que as acusações de abuso sexual na Johnny & Associates ganharam destaque na mídia japonesa. A revista semanal Shukan Bunshun publicou uma série de reportagens detalhando as alegações de abuso cometido por Kitagawa contra vários jovens talentos que ele mentorou. As histórias chocantes de abuso e exploração provocaram indignação, mas ainda assim não foram suficientes para levar a uma resposta efetiva.
Enquanto a mídia doméstica japonesa relutava em explorar o escândalo, foi a atenção da imprensa internacional que finalmente colocou as acusações sob os holofotes. Em 2000, o The New York Times e o The Guardian relataram sobre as alegações de abuso sexual envolvendo Kitagawa, seguindo a cobertura da revista semanal Shukan Bunshun. No entanto, mesmo com um número crescente de acusadores, os veículos de comunicação japoneses em sua maioria optaram por ignorar o assunto, talvez temendo represálias da poderosa agência de talentos e a consequente perda de audiência.
A dependência das emissoras de TV japonesas nos astros da Johnny’s para seus programas de notícias e variedades tornou-se uma possível explicação para o silêncio. O medo de relatar negativamente sobre a agência poderia resultar na retirada dos talentos dos programas televisivos, causando problemas sérios para os produtores e potencialmente prejudicando a audiência.
No entanto, o cenário começou a mudar em março de 2023, quando o documentário da BBC, dirigido e produzido por Megumi Inman, investigando o abuso sexual na Johnny & Associates, foi lançado. O documentário levou a um aumento na cobertura do escândalo pela mídia doméstica, especialmente pelas emissoras de TV e jornais. Em abril, Kauan Okamoto, que alega ter sido abusado sexualmente por Kitagawa de 15 a 20 vezes, realizou uma coletiva de imprensa corajosa, sediada pelo Foreign Correspondents’ Club of Japan (FCCJ), onde ele compartilhou os detalhes de seu sofrimento. Os comentários de Okamoto foram então reportados por várias organizações de mídia estrangeiras.
O impacto dessas revelações passadas e desenvolvimentos recentes tem sido significativo. Outras vítimas de abuso sexual na Johnny & Associates encontraram coragem para contar suas histórias, fortalecendo a evidência das alegações contra Kitagawa. Shogo Kiyama, ex-membro da Johnny’s, lamentou em seu livro de 2005 que, apesar de várias publicações e entrevistas em revistas, o abuso nunca foi reportado pelas emissoras e Kitagawa nunca foi punido. Ele descreveu a luta contra a Johnny’s como uma formiga tentando morder um elefante, percebendo a impotência diante do poder maligno que prevalecia na agência.
Diante da onda recente de cobertura midiática, detalhes sobre os abusos alegados estão recebendo uma atenção renovada. Durante a coletiva de imprensa organizada pelo CDP, Akimasa Nihongi, ex-integrante da Johnny & Associates, enviou uma carta descrevendo o abuso sexual que sofreu nas mãos de Kitagawa. Segundo Nihongi, o abuso começou três meses após sua entrada na Johnny’s Jr., uma divisão da Johnny & Associates, e ele foi abusado sexualmente mais de 10 vezes ao longo de seis meses. Ele relatou que deixar a agência após dois anos não foi suficiente para superar o trauma e o impacto profundo que o abuso teve em sua vida, destruindo sua autoestima.
Com as alegações de abuso sexual agora ganhando destaque nos noticiários domésticos, as supostas vítimas expressaram esperanças de que os formuladores de políticas criarão um sistema eficaz para prevenir futuros casos e proteger as crianças. Yasushi Hashida, uma das supostas vítimas, declarou que os adultos são aqueles que podem proteger as crianças e expressou sua esperança de poder ajudar o CDP na elaboração de legislação eficaz.
O Secretário-Geral do CDP, Katsuya Okada, afirmou que a revisão da lei de abuso infantil é uma opção, mas ressaltou que mesmo com as leis revisadas, isso não marcará o fim do problema. O abuso foi cometido em uma ampla gama de situações com uma clara dinâmica de poder, o que sugere que existem muitas vítimas ainda não reveladas.
Além disso, no começo de maio deste ano, diversos fãs de idols pertencentes à Johnny & Associates, uma das agências de talentos mais poderosas do Japão, deram um passo significativo em busca de justiça. Com aproximadamente 16.000 assinaturas, eles enviaram uma petição exigindo que a agência investigue as alegações de abuso sexual feitas contra seu falecido fundador, Johnny Kitagawa. Esse grupo de apoiadores, que formou a organização Penlight em abril, expressou suas preocupações com relação à maneira como a agência lidou com as alegações, que vieram à tona quando Kauan Okamoto corajosamente compartilhou suas próprias experiências de abuso sexual por parte de Kitagawa durante sua juventude.
A petição pede especificamente o estabelecimento de um comitê independente para investigar a veracidade das denúncias de abuso, juntamente com um pedido de desculpas sincero às vítimas. A Johnny & Associates afirmou sua intenção de encaminhar a petição ao conselho administrativo da empresa. Durante uma coletiva de imprensa recente, uma representante da Penlight expressou seu desejo de apoiar a agência, mas também sua preocupação com a falta de ação, destacando a necessidade urgente de mudanças sociais no enfrentamento da violência sexual. Kauan Okamoto, que era membro do Johnny’s Jr., recebeu uma resposta da agência reconhecendo o compromisso em garantir a conformidade no futuro. Além disso, a Johnny & Associates comunicou sua intenção de criar um canal para que ex-talentos possam buscar orientação de especialistas externos.
À medida que o escândalo de abuso sexual na Johnny & Associates continua a se desenrolar, a indústria do entretenimento japonês enfrenta um ponto de virada crítico. A pressão aumenta sobre as autoridades e as empresas do setor para lidar efetivamente com as alegações e garantir um ambiente seguro para os talentos jovens e vulneráveis. A história ainda está em desenvolvimento, e os próximos capítulos serão cruciais para determinar o futuro da Johnny & Associates e a proteção das vítimas de abuso.
Fundada em 1962 pelo renomado empresário japonês Johnny Kitagawa, a Johnny & Associates é uma das agências de talentos mais influentes e poderosas do Japão. Ao longo dos anos, a agência lançou inúmeras boy bands e ídolos masculinos, conquistando uma base de fãs fervorosa e alcançando grande sucesso comercial.
Johnny Kitagawa, conhecido como o “mestre dos ídolos”, era uma figura emblemática na indústria do entretenimento japonês. Ele tinha um talento especial para descobrir e moldar jovens talentos, transformando-os em verdadeiras estrelas da música e da televisão. Através de sua abordagem única e do estilo de gerenciamento rigoroso, ele estabeleceu um império na indústria do entretenimento.
No entanto, por trás desse sucesso, surgiram alegações de abuso sexual envolvendo Johnny Kitagawa. Desde a década de 1960, rumores e relatos de abuso circulavam nos bastidores da agência, mas a influência e o poder de Kitagawa pareciam protegê-lo de qualquer consequência.
As primeiras revelações públicas surgiram em 1988, quando Koji Kita, ex-membro da boy band Four Leaves, publicou um livro detalhando suas próprias experiências de abuso nas mãos de Kitagawa. O livro chocou o público e lançou luz sobre um lado sombrio da indústria do entretenimento.
Nos anos seguintes, mais vítimas corajosamente se manifestaram, revelando histórias de abuso sexual e exploração por parte de Kitagawa. No entanto, as alegações foram amplamente ignoradas pela mídia japonesa, que parecia relutante em abordar o assunto devido à poderosa influência da Johnny & Associates.
Foi somente através da cobertura da imprensa estrangeira que as alegações de abuso começaram a receber a atenção merecida. A falta de cobertura da mídia doméstica levantou questões sobre a relação íntima entre a agência e os meios de comunicação no Japão, onde a Johnny & Associates detinha um poderoso controle sobre o acesso aos seus talentos.
Após a morte de Johnny Kitagawa em 2019, a agência enfrentou uma encruzilhada. Julie Keiko Fujishima, sobrinha de Kitagawa e atual presidente da Johnny & Associates, assumiu a liderança e reconheceu a necessidade de abordar as alegações de abuso sexual. Em um comunicado oficial, ela ofereceu desculpas às supostas vítimas e expressou o compromisso de investigar internamente os incidentes e implementar mudanças para evitar que se repitam no futuro.
O escândalo abalou a indústria do entretenimento japonesa e provocou uma discussão mais ampla sobre a cultura de abuso e exploração no meio artístico. Os sobreviventes do abuso esperam que esse momento de transformação resulte em mudanças significativas na proteção dos artistas e na prevenção de futuros casos de abuso.
À medida que mais vítimas encontram coragem para contar suas histórias, é fundamental que a Johnny & Associates seja responsabilizada por suas ações passadas e que implemente medidas concretas para garantir um ambiente seguro e saudável para todos os talentos que fazem parte de sua agência.
Kauan Okamoto é um cantor e compositor japonês-brasileiro que foi membro do grupo de garotos japonês Johnny’s Jr. Ele nasceu em São Paulo, Brasil, em 24 de maio de 1997, e mudou-se para o Japão com sua família aos 12 anos de idade.
Okamoto começou sua carreira como trainee na agência Johnny & Associates em 2012. Ele foi membro da unidade Johnny’s Jr. chamada Sexy Boyz de 2013 a 2017. Em 2017, ele deixou a Johnny & Associates e começou a seguir carreira solo.
Em 2018, Okamoto lançou seu single de estreia, “Fantasy”. Desde então, ele lançou mais três singles: “Dreamer”, “Love Letter” e “I’m Sorry”. Ele também lançou um EP intitulado “The First Step”.
Okamoto é conhecido por sua voz suave e sua habilidade de se conectar com os ouvintes em um nível emocional. Ele foi elogiado pela crítica por sua voz “soulful” e sua “capacidade de tornar até mesmo as letras mais mundanas comoventes”.
Além de cantor, Okamoto é um talentoso artista versátil. Ele também atua como compositor, produtor e dançarino. É provável que ele continue alcançando grandes conquistas nos próximos anos.
Em abril de 2023, Okamoto ganhou destaque ao fazer acusações de abuso sexual contra Johnny Kitagawa, o falecido fundador da Johnny & Associates. Okamoto alegou que Kitagawa o havia abusado em várias ocasiões quando ele era menor de idade. Suas acusações desencadearam uma série de outras alegações contra Kitagawa e levaram a várias mudanças na Johnny & Associates.
A decisão de Okamoto de revelar suas acusações foi corajosa e ajudou a aumentar a conscientização sobre a questão do abuso sexual na indústria do entretenimento japonês. Ele é um modelo para outras vítimas de abuso e uma inspiração para todos que estão lutando por justiça.
1965 – 1988: Alegações Iniciais de Abuso Sexual
1999: Revelações na Mídia Japonesa
Anos 2000: Cobertura da Mídia Internacional
2019 – 2022: Mudanças e Pressão Crescente
2023: Revelações e Mudanças na Mídia Japonesa
Reação e Esperanças de Mudança
Em 14 de maio, a presidente da Johnny & Associates Inc., Julie Keiko Fujishima, emitiu um pedido de desculpas formal em resposta às acusações de agressão sexual contra o falecido fundador da agência, Johnny Kitagawa.
Fujishima afirmou que a empresa leva as alegações a sério, mas não pode confirmar sua veracidade, já que Kitagawa não está mais vivo. Ela também se desculpou com as supostas vítimas e expressou sua intenção de implementar medidas preventivas e promover uma mudança de mentalidade na empresa.
Neste escândalo em torno da Johnny & Associates, os casos de abuso sexual envolvendo o falecido fundador Johnny Kitagawa tem sido exposto ao público de forma mais intensa do que nunca. Revelações passadas e desenvolvimentos recentes destacam as falhas do sistema de proteção e denúncia no Japão, enquanto as vítimas encontram coragem para compartilhar suas histórias e clamam por mudanças e justiça. A indústria do entretenimento e o governo enfrentam o desafio de lidar com essas questões profundamente enraizadas, garantindo que as vítimas sejam ouvidas e protegidas, e que os agressores sejam responsabilizados por seus atos.
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