Esportes

Conheça um pouco da história das Copas do Mundo

A Copa do Mundo do Catar terminou de maneira épica. A Seleção Argentina abriu 2×0 e em menos de cinco minutos tomou o empate, o goleiro Dibu Martinez fez uma defesa fantástica e levou sua equipe à prorrogação. No tempo extra, as estrelas de Messi e Mbappé brilharam para fechar a contagem em 3×3. Nos pênaltis, o paredão argentino garantiu que o troféu voltasse à América do Sul.  O continente agora conta com dez títulos. Maior campeã mundial, a Seleção Brasileira tem cinco conquistas. A Argentina fica com a segunda colocação das américas, com a conquista do tricampeonato. O Uruguai fecha a contagem com seus dois títulos de Copa do Mundo.

Para matar um pouco da saudade que o mundial do Catar vai deixar, contaremos um pouco da história do torneio.

A primeira edição do Mundial foi realizada em 1930, no Uruguai. Treze Seleções disputaram o troféu: sete sul-americanas, quatro europeias e duas centro-americanas. Na final, Uruguai x Argentina mediram forças e os “charrua” levaram a melhor.

Após vitória por 4×2, a Seleção Uruguaia tornou- se a primeira campeã mundial.

Seleção uruguaia 1930 |Foto:Divulgação/Instagram @nicabol

Em 1934, a segunda edição do mundial não contou com o Uruguai, que não quis ir à Europa, uma vez que muitas seleções daquele continente não vieram em 30 para América do Sul jogar.

Estados Unidos, Argentina e Brasil foram os representantes americanos, o Egito, foi o primeiro país africano da história a lutar pela taça do mundo, já os outros doze participantes, foram europeus.

A Itália, dona da casa, foi arrasadora, e após estrear vencendo por 7×1 dos Estadunidenses, ainda passou por Espanha e Áustria antes de garantir o título diante da Tchecoslováquia, vencendo por 2×1.

Foto da partida da Copa de 34 entre Austria e França |Foto: Divulgação/Instagram@fifamuseum

A Copa de 1938, foi realizada na França.

A Argentina que esperava sediar o mundial, acreditando que haveria um sistema de “intercalação” entre europa e américa, boicotou a competição, acompanhada pelos países das américas, com exceção de Brasil e Cuba.

A Seleção Brasileira que viria a ser no futuro a maior campeã da competição mostrou força e foi a terceira colocada. 

A favorita Hungria do lendário Ferenc Puskas chegou a final mas foi surpreendida pela então campeã.

Em um emocionante 4×2, para cima dos húngaros, a Itália se tornou o primeiro país Bicampeão mundial da história.

As Copas de 1942 e 1948 foram canceladas por conta dos terríveis eventos da Segunda Guerra Mundial. Existem vários exercícios de imaginação que tentam projetar como seriam os mundiais em questão e quais equipes seriam as favoritas ao título.

O canal Sudaca Brasil usou pesquisas e suposições baseadas nos jogadores e equipes de destaque na época para projetar esses mundiais. 

Com campeonatos sul-americanos acontecendo apesar da guerra, Uruguai e Argentina tinham equipes muito fortes com a base de times importantes no cenário continental. Com grandes jogadores como  Leônidas da Silva, e o esporte cada vez mais desenvolvido no país o Brasil também era candidato a surpreender.

Entre os europeus, Suécia, Espanha, Suíça, Dinamarca e a Alemanha que já formava a base que seria campeã em 54 eram equipes de destaque à época.  A Itália, além de ser bicampeã, ainda tinha jovens jogadores que se destacaram no time do Torino, o que a mantinha com o status de principal Seleção do mundo.

Jornal Uruguaio em alusão a final da Copa de 50 |Foto:Divulgação/Instagram @aufoficial

Em 1950, cinco anos após o fim da segunda guerra, a Copa do Mundo voltou com força e o Brasil foi o país sede.

O mundial contou com uma estreante de muita pompa, já que a Inglaterra resolveu participar do torneio. Criadores do esporte, os ingleses se achavam bons demais para jogar um campeonato mundial, fato é que em 50 resolveram provar ao mundo sua superioridade.

Em campo as coisas foram diferentes, os britânicos sucumbiram para a amadora seleção estadunidense por 1×0 e por conta de combinações de resultados, não tiveram chances de chegar a fase final. 

A Copa de 1950, deveria ter como principal favorita, a Seleção Italiana, que chegou enfraquecida após a tragédia de superga.

A base da seleção “azzurra” era formada por jogadores do pentacampeão italiano Torino, porém em 1949, voltando de um amistoso contra o time portugues do Benfica, o avião com a esquadra vinho se chocou contra a basílica de Superga, nos arredores de Turim. 31 passageiros perderam suas vidas.

O acidente destruiu famílias, sonhos e desfez uma das mais promissoras Seleções de futebol da história.

Time do Torino, base da seleção italiana dos anos 40 |Foto:Divulgação/Instagram @torinofc1906

O último jogo do mundial, colocou frente a frente uma forte seleção uruguaia contra os donos da casa.

Diante de um Maracanã lotado, os brasileiros que só precisavam de um empate para ficar com o título inédito, foram vencidos por 2×1 pela seleção celeste, que se sagrou bicampeã mundial. 

A partir dessa ocasião, o Brasil deixou de usar a camisa branca, até então titular por conta da derrota na final, iniciando assim a era “canarinho” adotando a camisa amarela. Curiosamente o primeiro título veio vestindo azul.

Camisa Branca em Homenagem ao primeiro título continental |Foto:Divulgação/Twitter @geglobo

Em 1954 tivemos um campeão inédito: a Alemanha. Após ser derrotada por 8×3 na primeira fase pela favorita Hungria, os germânicos reencontraram os húngaros na final e venceram por 3×2. 

Ainda abalados com a derrota em casa, os brasileiros caíram nas quartas de final para os vice-campeões.

Seleção campeã em 1958 |Foto:Divulgação/Instagram @cbf_futebol

Em 58, na Suécia, o mundo foi apresentado a Pelé

O Rei do futebol tinha apenas 17 anos, ele teve sua convocação muito contestada mas foi um dos maiores destaques da competição, com seis gols marcados. Dois deles na final contra a Suécia.

A vitória por 5×2 deu a primeira conquista mundial para o Brasil.

O  Chile recebeu a Copa do Mundo de  1962, o Brasil, atual campeão confirmou seu favoritismo e levou o Bicampeonato.

Com Pelé machucado na maior parte do torneio, o mundo conheceu Mané Garrincha.

Craque da competição, o “Anjo das pernas tortas” foi o responsável direto pela segunda estrela na camisa verde e amarela.

Após anos ignorando a existência do mundial, a Inglaterra foi a sede da edição de 1966.

Sensação e time a ser batido, o Brasil foi em busca do tricampeonato mas com o time transicionando entre os campeões e o que viria ser a base do time em 70, sucumbiu diante do talento de Eusébio, sendo eliminada ainda na fase de grupos.

O craque Português terminou como artilheiro do mundial com 9 gols e com a terceira colocação. 

Na final, o “English Team” levou o título vencendo a Alemanha Ocidental por 4×2. 

O inglês Bobby Charlton em ação |Foto:Divulgação/Instagram @the.elite.collective2022

A grande polêmica da Copa foi justamente nesta partida, com o empate em 2×2 no tempo normal, a partida foi a prorrogação, o atacante inglês, Geoff Hurst, chutou no travessão, a bola quicou em cima da linha e não entrou, o bandeirinha soviético Tofik Bakhramov, porém, validou o “gol fantasma”.

Os anos 70 foram marcados pelos grandes esquadrões. Começando pelo que é considerado o maior de todos, a Seleção Brasileira de Pelé, Rivelino e Jairzinho

Seleção Brasileira, 1970 |Foto:Divulgação/Instagram @cbf_futebol

Com atuações impecáveis, a seleção “canarinho” chegou até a final, onde venceu a Itália por 4×1.

Neste que foi o primeiro mundial realizado na América do Norte, no México. O Brasil se sagrou a primeira Seleção Tricampeã mundial da história.

As copas de 74 e 78 mostraram ao mundo a revolucionária seleção dos Países Baixos, conhecida como “Carrossel Holandês”.

Comandada pelo técnico Rinus Michels e liderada tecnicamente pelo lendário Johan Cruyff, os holandeses chegaram às duas finais. Sendo superados por Alemanha Ocidental e Argentina respectivamente. Curiosamente, ambos eram países sede da competição. 

Seleção Holandesa que viria a encantar o mundo nos anos 70 |Foto:Divulgação/Instagram @johancruyff

Os anos 80 não deram ao mundo um novo campeão.

Com um dos mais qualificados elencos de sua história, a Seleção Brasileira chegou a Espanha em 82 como o time a ser batido. 

Sem fazer uma grande apresentação, porém, a Seleção acabou sendo eliminada pela Itália com um “show” de Paolo Rossi, que fez três gols.

A partida ficou conhecida como “A tragédia do Sarriá” em alusão ao nome do estádio onde foi disputada, localizado em Barcelona.

Além de eliminar o Brasil, os Italianos venceram a Alemanha Ocidental e se tornaram tricampeões mundiais.

O México voltou a ser o palco do maior torneio do mundo em 1986.

Uma desacreditada Seleção Argentina entrou no torneio guiada por um Diego Maradona que estava em um momento “iluminado”. 

Nesta edição, em uma mesma partida diante dos ingleses, Maradona fez o que é considerado o gol mais bonito de todas as copas e o gol de mão, conhecido como “La mano de Dios”.

Na final, após abrir 2×0, os Argentinos levaram o empate e contaram com a genialidade de seu camisa 10 para encontrar Burruchaga, entre a defesa alemã, e este marcou o gol da vitória albiceleste.

Diego Maradona em 1986 |Foto:Divulgação/Instagram @maradona

A década de 90 chegou para trazer o penúltimo campeão inédito da competição. 

O período, marcado por três mundiais, começou de volta ao continente Europeu, com a Alemanha como sede.

A copa de 90 foi marcada por surpresas, como a atual campeã, Argentina se classificando na “bacia das almas” como melhor 3ª colocada de seu grupo, liderado pela sensação da edição, a estreante Seleção Camaronesa. 

Surpreendentemente, os Argentinos deram a volta por cima e chegaram a final contra a Alemanha Ocidental.

No caminho, eliminaram a Seleção Brasileira, em um jogo repleto de polêmicas, onde os brasileiros acusaram os argentinos de sabotar a água, oferecida pelos “hermanos” aos jogadores do Brasil. 

Na final, a Alemanha deu “o troco”, vencendo o jogo por 1×0, com gol do zagueiro Andreas Brehme.

Em 1994, a Copa do Mundo voltou à América do Norte.

Os estadunidenses sediaram uma das Copas mais lembradas da história. 

Lalas e Balboa dos USA |Foto:Divulgação/Instagram @graybastian18

A “queridinha” da vez, a Seleção Colombiana foi eliminada ainda na fase de grupos.

No jogo decisivo, a derrota para a equipe dona da casa se iniciou com um gol contra do zagueiro Andrés Escobar, que dez dias após o ocorrido, foi assassinado em um bar, até hoje existem suspeitas de que a morte teria sido causada pelo famigerado gol. 

A sensação do mundial foi a Seleção Búlgara, que derrubou a então campeã, Alemanha e caiu apenas para Itália, que seria a Vice campeã.

A final daquela edição trouxe um embate de gigantes. Era o momento de descobrir quem seria o primeiro tetracampeão mundial. Em um jogo nervoso, a decisão entre Brasil x Itália foi para os pênaltis, com Roberto Baggio, então melhor jogador do mundo, perdendo o pênalti que deu o título para os Brasileiros, após 24 anos.

A última Copa da década foi em 1998.

Na França, a sensação foi a estreante seleção Croata, que eliminou as poderosas Alemanha e Países Baixos e só foi cair para a anfitriã, em um jogo emocionante. O jogo foi a partida da vida do zagueiro Lilian Thuram, que fez os dois gols da vitória por 2×1.

Curiosamente, os únicos de sua carreira com a camisa dos “blues”. 

Na final, a badalada Seleção Brasileira, não resistiu a uma exibição de “gala” de Zidane e foi derrotada por 3×0.

Seleção Francesa em 98 |Foto:Divulgação/Instagram @france98fifaworldcup

Os anos 2000 trouxeram a primeira Copa do Mundo fora do ocidente. O mundial de 2002, realizado na Coréia do Sul e no Japão, foi o primeiro com a sede compartilhada. 

Controverso e cheio de erros de arbitragem, o mundial ficou marcado como o primeiro onde uma seleção asiática terminou entre as quatro melhores do mundo, com a Coréia do Sul, ficando em quarto.

Na final, uma Seleção Brasileira, que não era mais a favorita, chegou a sua terceira final consecutiva e se sagrou ao derrotar a Alemanha, a primeira e até então única Seleção Pentacampeã mundial.

Ronaldo comemora gol em 2002 |Foto:Divulgação/Instagram @cbf_futebol

A Copa do Mundo de 2006 voltou à europa, desta vez, foi sediado na Alemanha. 

Favorito, o Brasil, embalado pelas três finais, pelo título e com os melhores jogadores do momento em seu elenco, passou pela fase de grupos sem dificuldades apesar de não mostrar bom futebol. 

Nas oitavas, passou facilmente por Gana, caindo nas quartas, ao reencontrar Zidane, que assim como em 98, guiou seu time a vitória sobre o selecionado brasileiro.

Na Final, em uma partida nervosa, com direito a cabeçada do camisa 10 francês no zagueiro italiano Materazzi, os Italianos levaram a partida para os pênaltis e se tornaram tetracampeões do mundo.

Em 2010, o torneio chegou à África.  Essa foi a Copa das surpresas. 

A Itália, então campeã, ficou como a lanterna de seu grupo, atrás de Paraguai, Eslováquia e Nova Zelândia, países com pouca ou nenhuma tradição em copas.

Os Paraguaios, que chegaram sem nenhuma perspectiva na competição, venderam caro a derrota no mata-mata para a futura campeã Espanha.

A Seleção de Gana, em um jogo eletrizante, quase levou o continente, pela primeira vez, às semifinais da Copa, mas caíram diante do Uruguai. 

Iker Cassillas, Capitão da Seleção Espanhola |Foto:Divulgação/Instagram @ikercasillas

A Final, deixou frente a frente as Seleções de Países Baixos e Espanha, para definir a até então última campeã inédita da competição. Andrés Iniesta, na prorrogação, fez o gol que levou a “fúria”, a seu primeiro título, após um jogo sem muitas emoções.

O Brasil sediou o mundial de 2014, considerado por muitos, um dos melhores, por suas partidas inesquecíveis e resultados “épicos”. 

A sensação dessa vez foi a Seleção da Costa Rica, que no “grupo da morte” superou Uruguai e Itália e empatou com a Inglaterra.

Líder do grupo, ainda passaria pela Seleção Grega e pararia somente diante dos Países Baixos, quando o goleiro Tim Krul, foi colocado em campo na decisão de pênaltis, defendendo duas penalidades.

A edição foi marcada pelo doloroso 7×1 sofrido pelo Brasil, na semifinal, diante da Alemanha.

Na decisão, os germânicos encontram pela terceira vez a Seleção Argentina, ficando com a vantagem na disputa.

A vitória na prorrogação por 1×0, com gol de Mario Gotze, deu o tetracampeonato aos alemães, os igualando a Italia.

Antes de chegar na edição do Catar, que abriu esse texto, a Copa do Mundo foi sediada pela Rússia. Com várias controvérsias, o mundial de 2018 não foi dos melhores tecnicamente. 

Mbappe com a taça de 2018 |Foto:Divulgação/Instagram @k.mbappe

Surpreendidas, as grandes Seleções foram ficando pelo caminho, diante de camisas sem tanto peso. Exemplo da Espanha, que caiu diante dos donos da casa.

O Brasil, foi derrotado pela Seleção Belga, e a Alemanha, derrotada pela Coréia do Sul e pelo México, não passou nem da fase de grupos. A Argentina, aos trancos e barrancos, chegou à segunda fase mas foi eliminda pela futura campeã, França.

Sensação da competição, a Croácia, vencendo todos jogos da segunda fase nos pênaltis, chegou a final diante da Seleção Francesa.

Com um time muito bem “encaixado” e com desempenhos muito acima da média de jogadores como Pogba, Kanté e Mbappe, os “blues” golearam os croatas por 4×2, e assim, após vinte anos se tornaram bicampeões mundiais. 

Em 2026, a Copa do Mundo voltará com novidades. Além de ter a Argentina, agora como única tricampeã, o título será disputado não mais por 32 mas por 48 seleções.

Também veremos pela primeira vez, uma sede tripla. 

Copa de 2026 terá três sedes |Foto:Divulgação/Instagram @adn10oficial

A responsabilidade do evento estará nas mãos de Canadá, Estados Unidos e México.

Após desempenhos incríveis e várias surpresas na edição que acaba de se encerrar, é esperado pela entidade organizadora, um nível cada vez mais alto e em 2026 os amantes do esporte tem tudo para ganhar uma das Copas mais interessantes já vistas.

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Fontes: (1) (2) (3) (4) (5) (6)  Foto de capa: |Foto: Divulgação/Instagram @fifaworldcup

Renato Meneses

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