O ex-líder estudantil de 1989, Xu Guang, foi levado a julgamento na província oriental de Zhejiang por “provocar brigas e tumultos”, ao questionar o massacre de Tiananmen, uma acusação frequentemente usada para perseguir críticos pacíficos do Partido Comunista Chinês.
Xu foi detido após se recusar a comer e beber em protesto à repressão do governo chinês ao Massacre da Praça da Paz Celestial em 1989. A acusação é frequentemente usada para atingir críticos pacíficos do Partido Comunista Chinês, e Xu foi preso depois de se recusar a comer ou beber enquanto estava detido para lembrar o massacre de Tiananmen.
Xu, que se encontra em condições de saúde precárias, apareceu ao tribunal por videoconferência e afirmou que recusou alimento para lembrar o mundo a “nunca esquecer 4 de junho”, a data do massacre de 1989 que colocou um fim às semanas de protesto liderado por estudantes em Pequim e outras cidades chinesas.
O ex-líder estudantil que já havia sido preso anteriormente por tentar registrar formalmente o Partido Democrático da China em 1998, repetidamente pediu ao partido que rejeite a sentença oficial de “rebelião contrarrevolucionária” nos protestos de 1989. A acusação foi baseada em comentários de Xu em plataformas de mídia social no exterior, e a promotoria solicitou uma pena de prisão inferior a cinco anos.
Xu é um dos muitos ativistas na China que estão pedindo por justiça e transparência em relação aos eventos de 1989, que o governo chinês rotulou como “distúrbios políticos” e nunca publicou os nomes e números de mortos ou feridos durante a repressão.
O Massacre da Praça da Paz Celestial, também conhecido como Massacre de Tiananmen ou simplesmente como Massacre de 4 de Junho, ocorreu em 1989 em Pequim, na China. Foi uma repressão violenta do governo chinês às manifestações pacíficas lideradas por estudantes, que protestavam contra a corrupção e a falta de liberdade política no país. A mobilização aconteceu entre os dias 15 de abril e 4 de junho, quando ocorreu o auge da violência estatal.
Os manifestantes, que chegaram a ser cerca de cinco mil, eram de diferentes grupos sociais, incluindo intelectuais e trabalhadores urbanos, que sofriam com a inflação e o desemprego. A morte de um oficial do alto escalão do governo, Hu Yaobang, foi o estopim para os protestos. As marchas pacíficas pelas ruas de Pequim foram interditadas pelo governo, que optou por suprimir os protestos pela força.
Em 20 de maio, foi declarada a lei marcial e, na noite de 3 de junho, o exército enviou tanques e infantaria para a Praça da Paz Celestial. No dia seguinte, 4 de junho, houve intensificação dos protestos estudantis em grande escala. As estimativas de mortes civis variam entre 400-800, segundo o jornal The New York Times, e 10.000, de acordo com a Cruz Vermelha chinesa. O número de feridos foi estimado em torno de sete a dez mil. O governo também efetuou um grande número de prisões para suprimir os líderes do movimento e expulsou a imprensa estrangeira.
No dia seguinte ao massacre, um jovem desarmado tentou parar uma fileira de tanques de guerra que se movimentava pela praça. A imagem do momento, registrada pelo fotógrafo Jeff Widener, tornou-se símbolo do massacre e o homem ficou conhecido como “o rebelde desconhecido” ou “o homem dos tanques” (foto de capa).
Até hoje, o governo chinês nega que tenha havido um massacre e afirma que a atitude contra os manifestantes foi uma política correta. Alega que, no máximo, 300 pessoas morreram durante os protestos e que muitos eram soldados do exército chinês assassinados pelos manifestantes durante batalhas de rua. O Massacre da Praça da Paz Celestial foi amplamente condenado pela comunidade internacional.
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