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Japão pretende liberar água tratada de Fukushima no mar

O Japão deve liberar água radioativa tratada da usina nuclear destruída de Fukushima para o mar, segundo a mídia asiática.

O governo japonês deve realizar uma reunião de ministros relacionados nesta terça-feira, 13, para decidir formalmente sobre a liberação.

Depois de anos de debate sobre como descartar o líquido, que inclui a água usada para resfriar a usina atingida por um grande tsunami em 2011.

Grupos ambientalistas e pesqueiros se opõem à ideia, mas muitos cientistas dizem que o risco que representaria é baixo. O governo afirma que nenhuma decisão final foi tomada.

A liberação de mais de um milhão de toneladas de água, que foi filtrada para reduzir a radioatividade, começaria no mínimo em 2022, de acordo com a mídia japonesa, incluindo os jornais nacionais Nikkei e Yomiuri Shimbun.

A água seria diluída dentro da planta antes de ser liberada para ficar 40 vezes menos concentrada, disse Yomiuri Shimbun, com todo o processo demorando 30 anos.

Uma decisão oficial pode surgir até o final deste mês, disse a agência de notícias Kyodo.

Tem havido uma crescente urgência sobre o que fazer com a água, já que o espaço para armazenar o líquido – o que inclui a água subterrânea e a chuva que penetra diariamente na planta – está se esgotando.

A usina Fukushima Daiichi, que sofreu derretimentos na sequência de um terremoto e tsunami devastadores em março de 2011, continua a gerar grandes quantidades de água contaminada por radiação depois de ser usada para resfriar o combustível derretido.

A água é tratada com um avançado sistema de processamento de líquidos para remover a maioria dos contaminantes e armazenada em tanques nas instalações do complexo.

O processo, no entanto, não consegue remover o trítio, um subproduto radioativo dos reatores nucleares, então a água foi armazenada em enormes tanques que estarão cheios em 2022.

Na última sexta-feira (9), o ministro da Indústria do Japão, Hiroshi Kajiyama, disse que ainda não havia decisão sobre o descarte da água, mas que o governo planejava tomar uma em breve.

“Para evitar atrasos no processo de descomissionamento, precisamos tomar uma decisão rapidamente”, disse ele em entrevista coletiva.

Grupos ambientalistas há muito expressam sua oposição à liberação de água no oceano. E grupos de pescadores têm argumentado contra isso, dizendo que os consumidores se recusarão a comprar produtos da região.

No entanto, alguns cientistas dizem que a água se diluiria rapidamente na vastidão do Oceano Pacífico, e que o trítio representa um risco baixo para a saúde humana e animal.

Foto: Bandeiras da China e da Coreia do Sul / Divulgação

China e Coreia do Sul se opõem

China e Coréia do Sul expressaram na segunda-feira (12), profunda preocupação com o plano japonês de liberar água radioativa tratada que se acumulou na usina nuclear de Fukushima, dizendo que descarregá-la no mar teria um impacto negativo sobre seus vizinhos.

A China disse ter comunicado sua “séria preocupação” ao Japão, pedindo ao governo do primeiro-ministro Yoshihide Suga que tome uma decisão cautelosa para proteger o interesse público da sociedade internacional, bem como a saúde e segurança dos cidadãos chineses.

Argumentando que Tóquio tem sido criticado globalmente por causa da questão, “o Japão não pode ignorar” tal fato e “não deve mais prejudicar o meio ambiente marinho, a segurança alimentar e a saúde humana”, disse o Ministério das Relações Exteriores da China.

Um porta-voz do Ministério do Exterior sul-coreano, entretanto, disse na segunda-feira que liberar água tratada da usina de Fukushima “afetaria direta e indiretamente a segurança das pessoas e do meio ambiente vizinho”.

“Seria difícil aceitar o lançamento no mar se o lado japonês tomar uma decisão sem consulta suficiente”, disse o porta-voz, acrescentando que a Coréia do Sul “responderá fortalecendo a cooperação” com a Agência Internacional de Energia Atômica.

Gráfico: BBC

O que aconteceu em 2011?

Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9,0 atingiu a costa nordeste do Japão, desencadeando um tsunami de 15 metros.

Embora os sistemas de backup para evitar o derretimento da usina nuclear de Fukushima tenham sobrevivido ao terremoto inicial, mais danos foram infligidos pelo tsunami.

Como os sistemas de resfriamento da instalação falharam nos dias que se seguiram, toneladas de material radioativo foram liberadas. O colapso foi o pior acidente nuclear desde Chernobyl em 1986.

Cerca de 18.500 pessoas morreram ou desapareceram no terremoto e tsunami, e mais de 160.000 foram forçadas a deixar suas casas.

Bilhões de dólares em compensação já foram pagos a indivíduos e empresas afetadas pelo desastre. No mês passado, um tribunal japonês manteve uma decisão ordenando que o governo e a empresa operacional da usina pagassem mais US$9,5 milhões (aproximadamento R$543 milhões).

 

Fonte: (1) (2)/ Foto de capa: Reuters
Daniele Almeida

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