Doraemon é um anime japonês lançado em 1969, criado por Hiroshi Fujimoto e Motoo Abiko, que usaram o pseudônimo Fujiko F. Fujio. A série narra as aventuras de um robô que viaja no tempo para auxiliar um estudante chamado Nobita Nobi. Publicado originalmente pela editora Shogakukan, o anime contém 1344 histórias que misturam humor e lições sobre valores sociais e ambientais.
Em 2008, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão nomeou Doraemon como “embaixador do anime”, reconhecendo seu papel na promoção da cultura japonesa globalmente. Além disso, em 2002, Doraemon foi considerado um “herói nacional” no Japão. Um dos momentos marcantes de sua trajetória internacional ocorreu em 2016, quando o personagem participou do encerramento das Olimpíadas no Rio de Janeiro, ao lado de Super Mario, para representar o Japão.
Doraemon permanece como uma figura importante na cultura popular, simbolizando a influência da animação japonesa no mundo.
História:
Doraemon foi publicado em 6 revistas no ano de 1969 que eram voltadas ao público infantil, nomeadas conforme o ano escolar da criança:
- Yoiko (boas crianças)
- Yōchien (Infantário)
- Shogaku Ichinensei (primeira classe da escola preliminar)
- Shogaku Yonnensei (quarta classe da escola preliminar)
Em 1973 o desenho foi publicado em mais duas revistas:
- Shogaku Gonensei (quinta classe da escola preliminar)
- Shogaku Rokunensei (sexta classe da escola preliminar)
As histórias de Doraemon eram publicadas mensalmente, com o autor criando mais de seis novas narrativas a cada mês. Em 1977, a série expandiu sua presença com o lançamento na revista CoroCoro Comic, onde as histórias eram marcadas com o selo Tentōmushi. A partir de 1974 até 1996, foram publicados 45 livros que, até 1992, já haviam alcançado uma circulação de 80 milhões de cópias. Em 2005, a Shōgakukan iniciou uma nova série de livros chamada Doraemon+, consolidando ainda mais a popularidade da série, que atualmente é uma das mais assistidas no Japão.
O nome “Doraemon” combina “dora”, que deriva de “dora neko” (gato de rua), e “emon”, um sufixo arcaico usado em nomes masculinos japoneses. Os personagens do anime são representativos de diversos aspectos da cultura japonesa, incluindo as variadas classes sociais do país, destacando suas características e importância cultural.
Personagens:
Os personagens de Doraemon são uma representação diversificada da sociedade japonesa, cada um refletindo diferentes aspectos e classes sociais do país. Mesmo com características singulares, eles desempenham um papel importante em mostrar a cultura de seu país de origem para o público. Além dos personagens principais, há vários coadjuvantes que surgem ao longo das histórias. Estes ajudam a compor as cenas, porém em certos episódios, podem se tornar o foco principal da narrativa, enriquecendo a trama e contribuindo para as lições transmitidas pela série.
Personagem | Imagem | Descrição |
Doraemon | MS-903 “Doraemon” (ドラえもん) ou simplesmente Doraemon é o protagonista do anime, dos mangás, livros, filmes entre outras franquias.
Fabricado na “Fábrica de Robôs Matsushiba”, mas por conta de um erro de fabricação a empresa o descartou. Sewashi Nobi, que era um bebê na época, adotou o robô depois que ele foi descartado. Mais tarde, a pedido de Sewashi Nobi ele volta ao passado para auxiliar seu tataravô a ter uma vida melhor, fazendo com que a sua família progrida financeiramente. Sua aparência remete a um gato, sendo confundido com um Cão-guaxinim japonês, sendo chamado na versão portuguesa de guaxinim ou texugo. Ele é azul, tem as mãos e os pés arredondados. Sua face, barriga e as patas são da cor branca, no rosto se encontra olhos grandes e seis bigodes, três de cada lado, nariz avermelhado e redondo e uma boca grande. Tem uma cauda fina com uma bola vermelha que serve de interruptor. Tem um bolso mágico, em sua barriga, e um colar redondo que remete a uma coleira de gato. |
|
Nobita Nobi | Nobita Nobi (野比 のび太のびのびた), ou conhecido simplesmente de Noby (versão americana). Nas versões britânicas e americanas ele virou o protagonista.
Sendo filho único e cursando a quarta classe, morando na cidade de Nerima, situada em Tóquio. Noby infelizmente é ruim em esportes e academicamente, sendo considerado o pior aluno da turma. Seu maior talento seria dormir e ter uma mira excepcional. Habilidades que para a sociedade moderna japonesa são consideradas inúteis. Ele é representado com óculos, uma camisa vermelha (episódios mais recentes), amarelo, ou verde com um colar branco e calções azuis. O menino é representado muitas vezes como sendo um garoto covarde, desorganizado, preguiçoso, mas que, por outro lado, quando precisa ajudar os outros ele faz acontecer, por esse motivo ele é visto como herói. Apaixonado por Shizuna Minamoto. Por ser visto assim para a sociedade em geral e por passar por algumas situações constrangedoras, o menino costumava pedir ajuda para seu amigo robô para passar em teste escolares e se vingar de seus dois amigos Takeshi Gouda e Suneo Honekawa. |
|
Shizuka Minamoto | Shizuka Minamoto (源 静香 Minamoto Shizuka ), também conhecida pelo apelido de Sue nas versões americana e britânica. Sendo a única personagem feminina protagonista da franquia. Alguns anos depois ela se casa com Nobita e conhecida como Shizuka Nobi.
Ao contrário de seu amigo Nobita que era retratado como preguiçoso e que não ia bem na escola, Sue é representada como uma criança estudiosa e que pensa nas pessoas e nos animais. Seu grande sonho era ser enfermeira ou aeromoça. É normalmente representada com olhos pretos e cabelos claros, normalmente amarrados com duas tranças curtas, pele clara e geralmente utiliza um vestido rosa. Ao longo dos anos sua aparência foi modificando. |
|
Takeshi Gouda | Takeshi Gouda (剛田武ごうだたけし Gōda Takeshi), mais conhecido pelo apelido de Jaian, Gian ou Big G nas versões americana e britânica. Conhecido por conta de sua valentia e dons inimagináveis, como o dom da culinária e do canto.
Em algumas ocasiões, é representado como um antagonista, conhecido como o dono da rua. Em outras ocasiões, cria conflitos desnecessários com seus amigos. A pessoa que mais sofre em sua mão é Nobita que por sua vez pede para que Doraemon ajude o em suas vinganças. Sua aparência durante o anime não foi tão modificada em relação a alguns personagens. Sua principal aparência é cabelos pretos e pele bronzeada, o que costuma mudar mais é a representação de seus olhos que em algumas versções estão menores e em outra maiores. Além de seus pais, o menino tem uma irmã mais nova chamada Jaiko, que ele protege muito. Sua mãe não gosta muito de seu comportamento em relação aos seus amigos e de quando ele se esquiva das tarefas dadas por ela, como, por exemplo, cuida da loja da família. Alguns de seus talentos notorios são cantar e jogar beisebol. Por mais que ele não cante tão bem, ele obriga seus amigos a escutá-lo. Por conta desse talento, em 2020 uma produtora musical do Japão resolveu lançar uma coletânea de música japonesa e nesse álbum foi incluído uma música do personagem.
|
|
Suneo Honekawa | Suneo Honekawa (骨川スネ夫ほねかわ すねおHonekawa Suneo), também conhecido pelo apelido de Sneech nas versões americana e britânica. Retratado como um garoto mimado, e ter os melhores brinquedos e as melhores roupas. Acha Gian a melhor companhia já existente, já que o garoto é conhecido como valentão. Retratado como um garoto fraco, que embarca nas aventuras que o valentão, sempre apronta.
Sua personalidade é descrita como sendo um garoto esperto, orgulhoso, convencido, arrogante, costuma sempre se gabar em relação ao cargo de diretor-presidente do pai. Por sempre ser bons com as palavras, o menino costuma fazer algumas mentiras, o que não é bem-visto pelos seus amigos. Entretanto, além de sua personalidade arrogante, seu lado bom se deve a sua bondade, sua sensibilidade, reconfortante e compassivo. Representado como um menino baixo e muito magro, com cabelos pretos e grandes olhos pretos. |
Mangá:
Como já foi mencionado, o mangá foi criado por Fujiko F. Fujio, sendo publicado inicialmente pela empresa Shogakukan, começando sua jornada em 1 de dezembro de 1969 em duas revistas educacionais para crianças. Nessa época seus criadores criavam em média seis quadrinhos, fazendo com que a popularidade do desenho crescesse mais que o esperado, isso ajudou também na evolução dos personagens, por conta da grande demanda seus personagens foram evoluindo em suas histórias e personalidades cada vez que uma revistinha era publicada. Vamos a uma ordem cronológica dos acontecimentos em relação ao mangá.
Ano | Descrição |
Dezembro de 1969 |
|
Janeiro de 1970 |
|
Abril de 1973 |
|
1973 a 1986 |
|
Dezembro de 1976 e março de 1983 |
|
15 de março de 1977 |
|
1993 e 1997 |
|
1974: 31 de julho de 1974 e 26 de abril de 1996 |
|
2002 e 2005 |
|
25 de abril de 2005 e 28 de fevereiro de 2006 |
|
2007 |
|
2013 e 2014 |
|
12 de janeiro de 2014 |
|
17 de julho de 1999 a 2 de setembro de 2006 |
|
1 de dezembro de 2019 |
|
18 de abril e 19 de setembro de 2005 |
|
22 de novembro de 2016 |
|
22 de fevereiro e 26 de julho de 2017 |
|
Algumas outras curiosidades:
- Para homenagear o trabalho de Fujijo, a Biblioteca Nacional de Takaoka, sua cidade natal, criou uma seção com todas as edições de Doraemon e alguns outros quadrinhos dele.
- No mercado asiatico os mangás, foram distribuidos em alguns paises, sendo eles China, Taiwan, Indonésia, Filipinas e Vietnã. Na maioria dos casos, algumas publicações originais dividiram espaço com as publicações piratas.
- Na Itália, o mangá não fez tanto sucesso em comparação a outros países da Europa. Por conta disso o mangá não teve uma publicação completa.
Anime do Mangá
Séries, TV e Filmes
Abertura da serie de 1973
A primeira série de anime de “Doraemon” foi lançada em 1973, composta por 26 blocos que resultaram em um total de 52 episódios. No mesmo ano, foi lançado um filme piloto intitulado “Doraemon Mirai Kara Yattekuru”. Durante a produção desta série, o estúdio enfrentou dificuldades financeiras que levaram à perda ou venda de alguns episódios para outras empresas.
A Nippon Television gerenciou as fitas restantes por sete anos e, até 1979, elas foram exibidas por emissoras locais. Neste mesmo ano, a Shogakukan iniciou a produção de uma nova série de “Doraemon”, levando ao pedido de interrupção da exibição da série anterior para evitar confusão entre as duas produções. Em 1995, alguns episódios foram redescobertos nos arquivos do Studio Rush e, posteriormente, mais episódios foram encontrados em 2003, resultando em 21 dos 52 episódios originais catalogados até 2013, todos sem áudio.
Devido à insatisfação do criador do mangá com as adaptações anteriores, uma nova série de “Doraemon” foi lançada, totalizando 709 episódios. Essa série, conhecida na Ásia como “edição Ōyama”, foi dublada por Noriko Ohara (Nobita) e Nobuyo Ōyama (Doraemon), e exibida de 1979 até 2005. No Brasil, essa versão foi transmitida pela Rede Manchete no “Clube da Criança”, apresentado por Angélica, de 1979 até outubro de 1992.
Em 2014, a Sato Company adquiriu os direitos de distribuição da série e iniciou o desenvolvimento de uma nova dublagem para a versão de 2005, que estreou na Netflix em 10 de dezembro. Posteriormente, esta versão começou a ser exibida pela Rede Bandeirantes em 1 de Janeiro de 2019.
Em 1998, foi lançado o primeiro filme de “Doraemon”, que se distinguiu por ser uma obra de ação e aventura, inspirado nos mangás da série. O enredo do filme e de muitos outros que se seguiram frequentemente explorava temas inspirados na lenda de Atlântida e outras obras literárias, abordando assuntos mais sérios do que os usualmente encontrados na série. O estilo dos filmes divergia um pouco do gênero shōnen tradicional, introduzindo os personagens em aventuras mais perigosas. Nas tramas, Nobita e seus amigos viajavam por diferentes épocas e locais, desde a era jurássica até outras galáxias, ampliando o escopo da imaginação infantil que a série procurava estimular. Estes filmes foram projetados para capturar ainda mais a imaginação das crianças, oferecendo uma experiência cinematográfica rica e variada.
Críticas
A fase de Fujiko Fujio, um dos criadores de “Doraemon”, foi alvo de críticas devido à presença de conteúdo considerado inapropriado para crianças, como cenas de tabagismo, alcoolismo e apelo sexual. Ao longo dos anos, esses elementos levaram a discussões sobre a adequação do anime para o público infantil em vários países.
Particularmente, personagens como Nobita e Takeshi Goda foram criticados por supostamente exercerem uma influência negativa sobre as crianças. Shizuka, outra personagem da série, também entrou na lista de críticas em alguns países devido a cenas em que aparecia tomando banho, o que era considerado por alguns como uma forma de incentivo sexual. Além disso, a violência presente em alguns episódios e comportamentos de personagens foram pontos de controvérsia.
Em 2014, a China expressou preocupações de que o anime estava corrompendo a juventude, em parte devido à difusão da cultura japonesa no país. Similarmente, em 2016, o Paquistão e a Índia chegaram a proibir a exibição do desenho para o público infantil, citando preocupações semelhantes sobre o conteúdo e seu impacto nos jovens espectadores. Essas ações refletem as complexidades de transmitir conteúdo culturalmente diversificado em um cenário global, onde diferentes normas e valores podem influenciar a recepção de programas de mídia.
Cartoon Network Portugal
Em 2015, a Cartoon Network Portugal começou a aplicar censura em alguns episódios de “Doraemon”. Um episódio notável que sofreu alterações foi intitulado “Rapariga Robô”, onde houve preocupação específica com a nudez em uma cena em que a menina robô emerge de um bambu. Além disso, várias outras cenas foram cortadas ou modificadas em Portugal devido a conteúdos considerados inadequados para o público infantil.
Um exemplo significativo de censura envolveu o episódio “Corda Para Mudar A Idade”, no qual o personagem Nobita, com a ajuda de Doraemon, sonha em ser adulto. Em uma cena específica, ao passar por um quiosque, Nobita pondera sobre a possibilidade de fumar, já que se percebe como adulto. Esse tipo de conteúdo também enfrentou restrições, refletindo o cuidado da emissora em adaptar o programa às normas locais sobre o que é apropriado para crianças.
Grandes Críticos:
Apesar das críticas e censuras enfrentadas por “Doraemon” em diferentes países, o anime tem sido consistentemente bem avaliado por críticos. Eles destacam especialmente o otimismo e os elementos fantásticos e de ficção científica presentes na obra, que promovem uma visão de um mundo onde tecnologia e humanidade coexistem harmoniosamente. Críticos e escritores observam que “Doraemon” estimula a imaginação das crianças, transportando-as para diversos locais e situações, enquanto outros veem a série como uma reflexão crítica sobre a crescente interação entre tecnologia e ser humano.
Popularização e Influência.
Tanto o mangá quanto a série Doraemons, é referência para grans mangakás (criadores de mangá) que utilizam várias referências dos desenhos em suas produções, um exemplo é o criador de One Piece, que se inspirou no desenho para poder criar as “frutas do diabo”, artefato importante para o anime. No seu país de origem os personagens são tidos como astros, por conta disso eles já apareceram em revistas, exposições de arte dentre muitas outras. Eles são vistos como os personagens mais amados do mangá, alguns críticos os comparam até com a popularização do Mickey Mouse e o Snoopy aqui no ocidente.
Por conta de seu sucesso, a TV Asahi, depois de diversos terremotos, fez algumas ações beneficentes com a ajuda do Fondo di beneficenza Doraemon organizando as coleções do anime. Em 2013, uma empresa de ferrovias, a Odakyū Railways, doou algumas estátuas representando o personagem principal para uma prefeitura em Tóquio.
Conclusão:
“Doraemon” tem evoluído ao longo dos anos, adaptando-se às mudanças culturais e sociais. Apesar das diversas censuras e readequações, a essência do anime permanece: inspirar a imaginação das crianças e incentivá-las a criar suas próprias aventuras. Doraemon, o personagem, atua como catalisador dessas aventuras, enquanto ensina valores importantes para o desenvolvimento infantil. Assim, “Doraemon” continua a ser um recurso valioso para o entretenimento e educação infantil, ensinando através da brincadeira.
Minha paixão pelas artes existe desde a infância, sempre gostei de entender o processo por trás de cada espetáculo. Hoje, sou formada na área, e minha curiosidade em estudar as diferentes formas teatrais só aumenta