Proprietário da operadora de turismo RXT, há mais de 27 anos no mercado, e natural de Macau, Carlos Santos nos concedeu uma entrevista contando como foi sua chegada ao Brasil e sobre a Casa de Macau, um centro de convivência e reavivamento da cultura Macaense. Veja a seguir:
R – Na época, anos 60, Macau, colônia portuguesa no Sul da China, era uma pacata cidade. Vivia à sombra de Hong-Kong, então colônia britânica, já economicamente poderosa. Até meados dos anos 60, os sonhos profissionais de boa parte dos macaenses era ir se empregar em Hong-Kong. A segunda alternativa era se tornar funcionário de alguma repartição pública em Macau.
Além do mais, Portugal estava em guerra na África e a obrigação do serviço militar podia durar até quatro anos. Eu almejava algo mais do que isso e com a ajuda de tios que já moravam no Brasil e me acolheram, aqui cheguei em 12 de fevereiro de 1968, em busca de um futuro melhor, após 50 dias de viagem em um navio misto – cargueiro/passageiro. Nessa viagem, conheci Singapura, Kuala Lumpur, Ilha Mauritius, Lourenço Marques (agora Maputo), Cape Town, Durban e Rio de Janeiro.
R – Na época, final dos anos 80 e anos 90, com a programada entrega do território então português à China, estimava-se que uma grande quantidade de macaenses optaria por emigrar para outras terras, daí a importância das Casas de Macau em diversos pontos do mundo.
Mas, não foi o que ocorreu. A transição de poder em Macau foi extremamente pacífica e organizada. Como ocorreu um ‘boom’ econômico na região, não só a maioria optou por continuar lá como muitos decidiram retornar ao território.
A Casa de Macau de São Paulo era, então, presidida por meu tio, Gilberto Quevedo da Silva. Ele aproveitou um espaço em sua sede, que fica encostada à Represa de Guarapiranga e construiu uma pousada com capacidade de acomodação para mais de meia dúzia de famílias.
Uma Casa de Macau é um espaço onde velhos conhecidos, desde a infância, reencontram-se para reviver o passado e relembrar todos os Costumes e Tradições da terra natal.
R – Casas de Macau podem ser encontradas nos quatro cantos do Planeta. Várias nos Estados Unidos e Canadá, em Londres, na Austrália, no Rio de Janeiro e aqui em São Paulo. O fundador e primeiro presidente da Casa aqui em São Paulo sugeriu que algum macaense escrevesse um Hino. Eu fui o único a apresentar um trabalho, que foi aprovado. Nasceu, assim, a canção “Casa de Macau”.
R – A gente macaense se sente em casa quando frequenta uma Casa de Macau. A gente se comunica em três idiomas, português, cantonense e um pouco de inglês, que é como acontecia lá em Macau dos velhos tempos; saboreia uns bons pratos da culinária macaense, portuguesa ou chinesa; e falamos muito dos velhos e tempos atuais de Macau.
R – Os viajantes encontrarão, em Macau, algo inigualável. Para começar, encontrar dentro da China um território onde o jogo é livre, já é algo bem pitoresco. Mais de trinta casinos, shows artísticos e culturais para ninguém botar defeito, tudo em um nível igual ou superior a Las Vegas. Some-se a isso a mistura da cultura ocidental, deixada pelos portugueses, à cultura oriental. Em Macau você vai encontrar igrejas católicas encostadas em templos budistas e os nomes das ruas e sinais de trânsito aparecem em português e chinês!
E a gastronomia, então! Pouco entendo deste assunto, mas posso dizer que a culinária macaense, um mix da portuguesa/chinesa/malaia e indiana, é uma das mais ricas do mundo. Tem mais: além da apreciada culinária cantonense, o viajante acha, facilmente, restaurantes portugueses, italianos, tailandeses – entre outros.
Ficou com vontade de conhecer mais sobre Macau? Veja a nossa matéria AQUI e se encante por esse território incrível.
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