Brazilcore: Movimento cultural que resgata as cores da bandeira brasileira e se espalha pela Coreia do Sul

O movimento conhecido como “Brazilcore” está ganhando destaque na Coreia do Sul, trazendo as cores verde e amarelo da bandeira brasileira para o centro das atenções no mundo da moda. Esse movimento surgiu no Brasil como uma resposta ao uso político dessas cores por grupos de extrema direita, especialmente durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que as associou ao patriotismo em suas campanhas.

O Brazilcore é caracterizado pela combinação das cores verde e amarelo, presentes na bandeira do Brasil, em roupas e acessórios. Essas cores sempre tiveram um forte apelo emocional no país, especialmente devido à sua associação com o uniforme da seleção brasileira de futebol, que é um símbolo de orgulho nacional. Nas favelas brasileiras, essas cores eram vistas como representativas de esperança e orgulho, refletindo o sucesso dos jogadores de futebol que saíram dessas comunidades e conquistaram o mundo.

Cantora sul-coreana Hyolin usa a camiseta do Brasil em fotos promocionais do seu single “Wait”.

Entretanto, durante o governo de Jair Bolsonaro, essas cores foram apropriadas por movimentos de extrema direita, que as usaram como símbolos de suas agendas políticas. Isso gerou desconforto em grande parte da população, especialmente entre os moradores das favelas, que começaram a evitar o uso dessas cores devido à sua nova conotação política.

Cantor coreano Gun-E aparece em postagem com a camiseta do Brasil.

Diante dessa apropriação, o designer de moda Abacaxi, que cresceu em uma favela, decidiu criar a “Coleção Brasil” através de sua marca Piña, com o objetivo de resgatar as cores da bandeira brasileira e devolver-lhes seu significado original. Abacaxi afirmou que para ele o “Brazilcore” é mais do que uma tendência de moda; é uma forma de mostrar quem são os brasileiros e de onde vêm.

Coleção do artista Abacaxi

Em entrevista ao Deutsche Welle, ele expressou sua frustração ao dizer que “Bolsonaro nos tirou a bandeira” e que, desde que o ex-presidente assumiu o poder, “a estética do Brasil desapareceu das favelas”.

A situação começou a mudar em 2022, quando a modelo Hailey Bieber adotou o estilo Brazilcore e compartilhou suas fotos nas redes sociais. A partir daí, celebridades como Madonna, Beyoncé e Jamie Foxx também começaram a adotar o Brazilcore, ajudando a popularizar a tendência globalmente. A revista Vogue França destacou o Brazilcore como uma das principais tendências de moda do verão de 2023.

Recentemente, Minho do Shinee também apareceu vestindo a camiseta da nossa seleção.

Na Coreia do Sul, conhecida por sua forte influência na moda e na cultura pop global, o Brazilcore rapidamente conquistou espaço. Influenciadores do K-pop e outras celebridades começaram a adotar as cores verde e amarelo em seus visuais, o que levou a tendência a ganhar as ruas de Seul e a ser amplamente compartilhada nas redes sociais.

Ator sul-coreano Doyu, que esteve recentemente no Brasil, também aparece em diversos posts com itens do país.

O Brazilcore busca recuperar os símbolos nacionais brasileiros de seu uso político, redefinindo a identidade cultural através do orgulho e da resistência. Na Coreia do Sul, essa tendência foi absorvida e reinterpretada, mostrando como movimentos culturais podem transcender fronteiras e adquirir novos significados em diferentes contextos. O Brazilcore na Coreia do Sul se tornou uma expressão de estilo que reflete tanto a identidade cultural brasileira quanto a inovação constante da moda sul-coreana.

Haneul do Kiss of Life também veste a camiseta do Brasil em videoclipe “Sticky”.

Fontes: (1) (2) (3) | Fotos: Divulgação

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