Os usuários chineses passaram seus dias e noites absortos em conversas íntimas e sobre tabus com estranhos em todo o país, e também em Hong Kong e Taiwan. Mas durou pouco, logo na segunda-feira (8) o governo Chinês bloqueou o aplicativo.
Diversos usuários relataram que não conseguiam mais acessar o aplicativo no Weibo, microblog Chinês, parecido com o Twitter, e postaram capturas de tela do aplicativo que não carregam mais em seus telefones. Um usuário disse:
“Todos nós sabíamos que estava chegando o dia em que o Firewall (o bloqueio chinês) bloquearia o Clubhouse. Só tivemos alguns dias de liberdade ”
Antes do bloqueio, diversos temas foram discutidos , algumas salas abordaram questões sociais, como a economia da China e as pressões sobre os trabalhadores de entrega – em janeiro, um motorista de entrega se incendiou em um ato de protesto contra os salários não pagos.
No sábado, aniversário da morte do médico denunciante do coronavírus Li Wenliang, os usuários realizaram um longo dia de silêncio.
Outro grupo discutiu a indústria de tecnologia. Às vezes, os participantes esperavam horas pela vez de falar em salas com mais de 1.000 pessoas.
Poucas outras plataformas forneceram tal espaço para discussão em todo o mundo de língua chinesa. Em uma sala do Clubhouse, os participantes da China continental pediram aos residentes de Hong Kong que explicassem por que estavam protestando.
Na sala para jovens chineses e taiwaneses, os participantes compartilharam histórias pessoais de visitas através do Estreito de Taiwan. Ao passo que em outro, eles discutiram sobre a defesa dos direitos LGBT.
Os poucos dias com acesso ao aplicativo fez com que os usuários que o utilizaram percebessem que não são tão diferentes assim dos jovens de outros lugares do mundo, especialmente de Taiwan e Hong Kong.
O Clubhouse também está disponível no Brasil mas apenas para usuários de iPhone e que recebem convites.
