Na última segunda-feira (18), durante a abertura oficial da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, lançou a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. A iniciativa reúne 148 membros fundadores, incluindo 82 países, blocos regionais e diversas organizações internacionais, com o objetivo de erradicar a fome e a pobreza até 2030.
Após receber os chefes de Estado presentes ao encontro, Lula destacou, em discurso, que a fome e a pobreza são produtos de decisões políticas e não de escassez. “Em um mundo que produz quase 6 bilhões de toneladas de alimentos por ano, a fome é inadmissível. Em um mundo com gastos militares de 2,4 trilhões de dólares, isso é inaceitável”, enfatizou o presidente brasileiro.
A Aliança Global tem como missão priorizar transições justas e inclusivas, por meio de políticas públicas eficazes, baseadas em evidências e adaptadas às realidades de cada membro. Ela contará com cúpulas regulares, um Conselho de Campeões de Alto Nível e um Mecanismo de Apoio sediado na FAO para coordenar estratégias e parcerias.
O Brasil, que financia metade do custo do mecanismo até 2030, apresentou a iniciativa como o principal legado de sua presidência no G20, destacando a relevância de programas nacionais, como o Bolsa Família, como referência para outros países. Lula ainda mencionou que o país já retirou mais de 24 milhões de pessoas da extrema pobreza em menos de dois anos de governo.
Compromisso dos países asiáticos
A iniciativa foi amplamente acolhida por países da Ásia, que desempenham um papel estratégico no combate à fome e à pobreza. Nações como China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Vietnã, Indonésia, Filipinas e Bangladesh estão entre os 82 países signatários. Essas economias, que representam parte significativa da população mundial e são motores de desenvolvimento na região, têm mostrado avanços relevantes em áreas como segurança alimentar, inovação tecnológica e sustentabilidade.
A China, maior parceira comercial do Brasil, reafirmou seu compromisso com a cooperação global por meio da Aliança, destacando o sucesso de suas políticas de erradicação da pobreza extrema nos últimos anos. Já a Índia, que transferiu a presidência do G20 ao Brasil, trouxe sua experiência em programas de combate à fome, como o Sistema Público de Distribuição de Alimentos, enquanto o Japão reiterou o apoio a ações multilaterais que conectem segurança alimentar e desenvolvimento sustentável.
Brasil no centro das discussões globais
Para o Brasil, a Aliança simboliza o esforço de colocar a fome e a pobreza como prioridades no debate internacional. “Essa é uma condição imprescindível para construir sociedades mais prósperas e um mundo de paz”, afirmou Lula, que também defendeu uma nova governança global capaz de redistribuir recursos e promover justiça social.
Além de enfatizar o papel dos biocombustíveis e das energias renováveis, o Brasil propôs a taxação global de bilionários para financiar medidas contra as desigualdades e as mudanças climáticas. A proposta, que prevê um imposto mínimo de 2% sobre a renda de 3 mil indivíduos mais ricos do mundo, dividiu opiniões no G20, mas recebeu apoio de países como França, Espanha e África do Sul.
A Aliança Global agora funciona como uma plataforma independente, embora tenha nascido no G20. O compromisso brasileiro em liderar a iniciativa até 2030, financiando grande parte de suas operações, reflete a relevância do tema para o país e sua contribuição ao combate às desigualdades em escala global.
Caminhos para 2030
Com uma estrutura de governança que inclui cúpulas regulares e mecanismos técnicos operacionais, a Aliança Global busca fortalecer a articulação internacional em três pilares: nacional, financeiro e de conhecimento. A missão é promover soluções que atendam às especificidades de cada região, garantindo que ninguém seja deixado para trás.
A expectativa é que a Aliança acelere o progresso nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, contribuindo para um futuro em que a fome e a pobreza sejam erradicadas de forma sustentável e definitiva.
Membros fundadores da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
Países Membros e Entidades Regionais
- Alemanha
- Angola
- Antígua e Barbuda
- África do Sul
- Arábia Saudita
- Argentina
- Armênia
- Austrália
- Bangladesh
- Benin
- Bolívia
- Brasil
- Burkina Faso
- Burundi
- Camboja
- Chade
- Canadá
- Chile
- China
- Chipre
- Colômbia
- Dinamarca
- Egito
- Emirados Árabes Unidos
- Eslováquia
- Estados Unidos
- Espanha
- Etiópia
- Federação Russa
- Filipinas
- Finlândia
- França
- Guatemala
- Guiné
- Guiné-Bissau
- Guiné Equatorial
- Haiti
- Honduras
- Índia
- Indonésia
- Irlanda
- Itália
- Japão
- Jordânia
- Líbano
- Libéria
- Malta
- Malásia
- Mauritânia
- México
- Moçambique
- Myanmar
- Nigéria
- Noruega
- Países Baixos
- Palestina
- Paraguai
- Peru
- Polônia
- Portugal
- Quênia
- Reino Unido
- República da Coreia
- República Dominicana
- Ruanda
- São Tomé e Príncipe
- São Vicente e Granadinas
- Serra Leoa
- Singapura
- Somália
- Sudão
- Suíça
- Tadjiquistão
- Tanzânia
- Timor-Leste
- Togo
- Tunísia
- Turquia
- Ucrânia
- Uruguai
- Vietnã
- Zâmbia
- União Africana
- União Europeia
Organizações Internacionais
- Agência de Desenvolvimento da União Africana – Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (AUDA-NEPAD)
- CGIAR
- Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL)
- Comissão Econômica e Social para Ásia Ocidental (CESAO)
- Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)
- Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD)
- Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
- Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA)
- Instituto de Pesquisa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Social (UNRISD)
- Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA)
- Liga dos Estados Árabes (LEA)
- Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
- Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO)
- Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
- Organização dos Estados Americanos (OEA)
- Organização Internacional do Trabalho (OIT)
- Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
- Organização Mundial do Comércio (OMC)
- Organizacão Mundial da Saúde (OMS)
- Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)
- Programa Mundial de Alimentos (WFP)
- Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
- Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat)
- Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
Instituições Financeiras Internacionais
- Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB)
- Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB)
- Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF)
- Banco Europeu de Investimento (BEI)
- Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
- Grupo Banco Mundial
- Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB)
- Novo Banco de Desenvolvimento (NBD)
- Programa Global de Agricultura e Segurança Alimentar (GAFSP)
Fundações Filantrópicas e Organizações Não Governamentais
- Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL)
- Articulação Semiárido Brasileiro (ASA)
- Fundação Bill & Melinda Gates
- BRAC
- Children’s Investment Fund Foundation
- Child’s Cultural Rights & Advocacy Trust Agency
- Citizen Action
- Education Cannot Wait
- Food for Education
- Instituto Comida do Amanhã
- Fundação Getúlio Vargas (FGV)
- GiveDirectly
- Global Partnership for Education
- Instituto Ibirapitanga
- Instituto Clima e Sociedade (iCS)
- Câmara de Comércio Internacional
- Leadership Collaborative to End Ultrapoverty
- Maple Leaf Early Years Foundation
- Fundação Maria Cecília Souto Vidigal
- Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI)
- Pacto Contra a Fome
- Fundação Rockefeller
- Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI)
- SUN Movement
- Sustainable Financing Initiative
- Their World
- Trickle Up
- Village Enterprise
- World Rural Forum
- World Vision International
- Instituto Fome Zero
Fonte: Agência Gov | Fotos: Ricardo Stuckert/PR