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Indonésia – A agricultura do país corre perigo?

Queda de interesse pelo setor

Com uma queda de 5,1 milhões de agricultores entre 2003 e 2013 de acordo com o órgão de Estatísticas da Indonésia (BPS), a taxa de perda dos trabalhadores causa preocupação no setor da agricultura. Por ser um trabalho árduo e desgastante cada vez menos pessoas têm interesse em assumir a profissão.

Nesse ritmo, presume-se que em 2063 a Indonésia perderia todos os seus agricultores.

Segundo um relatório do SMERU Research Institute de 2006:

“Uma grande proporção de jovens vê o trabalho agrícola como um trabalho manual de baixa remuneração, mais adequado para pessoas de origens pobres que têm educação limitada”

Impacto no PIB

Cerca de 29% da força de trabalho na Indonésia corresponde aos setores de agricultura, pesca e pecuária, contribuindo com 13% para o PIB do país. Sendo o terceiro maior contribuinte na economia depois da manufatura e do comércio, de acordo com os dados do Statistics Indonésia (BPS)

Entre 2013 e 2019, as terras agrícolas (cultiváveis) diminuíram de 7,75 milhões de hectares para 7,46 milhões de hectares de acordo com várias instituições governamentais.

Entre alguns dos problemas identificados para a mudança da profissão estão: aumento dos custos de produção e mudanças no clima e ataques de pragas. Logo, resultou em alguns dos proprietários convertendo a terra para outros usos ou vendendo-as.

O jornal Jakarta Post destacou 5 razões pelas quais os agricultores mal conseguem sobreviver atualmente na Indonésia:

  • Não recebendo o suficiente pelo trabalho: A média de salário de U$ 3,81 por dia dos agricultores comparado ao salário oficial de Jacarta que é 3 vezes esse valor. Ainda, os jovens têm consciência da imagem que um agricultor passa e tem medo de se sujar, preferindo trabalhar em escritórios. E ainda devem lidar com os ciclos de colheita, alguns recebem seu investimento de volta, outros não, fazendo com que muitos deles desistam de trabalhar no setor.
  • Problemas com os intermediários: Sem acesso a uma rede de distribuição, a maioria dos agricultores depende de intermediários para comercializar suas safras. Os indonésios os chamam de tengkulak, que tem conotação negativa. Estes, compram dos agricultores a preços muito baixos, antes mesmo da colheita e praticam os próprios preços. Por conta desses problemas, o nível de interesse das pessoas para trabalhar com agricultura é muito afetado.
  • Aumento de alimentos processados: Vegetais congelados, pães, cereais , macarrão instantâneo, alimentos processados mais baratos e facilmente encontrados se popularizam cada vez mais. Logo representando uma ameaça para os que vendem produtos agrícolas frescos. A venda desses alimentos processados cresce 10% ao ano em países de renda média, de acordo com estudos citados em um relatório de 2019 da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentos (FAO). Assim, contrastando com o declínio da produção agrícola e do rendimento das safras nos últimos anos.

O produtor de tomates Cahyono, disse:

“Sem os agricultores, pode não haver alimentos saudáveis porque a maioria dos alimentos saudáveis vem de vegetais”

 

  • Mudanças climáticas pioram o cenário: A produção agrícola pode cair de 15 a 40 % devido aos padrões climáticos extremos. Secas prolongadas e inundações severas levaram à quebra de safras em todo o país.

Para os agricultores, a perda de uma safra pode ter sérias repercussões na produção futura. Uma vez que os agricultores sobrevivem com um fluxo de caixa reduzido, a perda da safra pode deixá-los sem capital para começar de novo. A Indonésia está entre as mais baixas na categoria de recursos naturais e recuperação do Índice Global de Segurança Alimentar de 2019.

 

Cerca de 22 milhões de pessoas na Indonésia passaram fome de 2016 a 2018 de acordo com um relatório de 2019 do Banco Asiático de Desenvolvimento, do Instituto Internacional de Pesquisa de Políticas Alimentares e da Agência de Planejamento Nacional (Bappenas).

 

  1. Falta de Investimento: Os investimentos na agricultura foram amplamente direcionados para as plantações de óleo de palma. Sendo assim, apenas um fração foi investida em outras formas de agricultura.
  2. A pandemia atinge os agricultores com mais força: Os agricultores indonésios estão enfrentando ainda mais obstáculos com a pandemia enfraquecendo o poder de compra do consumidor. As cadeias de abastecimento foram severamente interrompidas por atividades comerciais limitadas. Já que as pessoas gastam menos, a perda dos agricultores se agrava, resultando também em seu poder de compra reduzido que tornará mais difícil para se recuperarem.

 

Tecnologia para remodelar a agricultura

Ainda assim, o estudo feito pelo Bappenas afirma que o país pode acabar com a fome até 2030. A solução vem por meio de investimentos em pesquisa e desenvolvimento agrícola, expansão da irrigação e melhoria da eficiência do uso da água, etc.

Algumas empresas de base tecnológica estão preenchendo a lacuna entre agricultores e consumidores. Empresas como TaniHub e Sayurbox permitem que os consumidores comprem produtos frescos diretamente dos agricultores. Além disso, a TaniFund, braço de empréstimo da TaniHub permite que indivíduos emprestem dinheiro aos agricultores para que tenham recursos para expandir suas operações.

O CEO da iniciativa de tecnologia agrícola Habibi Garden, Irsan Rajamin, disse que a utilização da tecnologia pode ser um imã para que a geração do milênio e os jovens os tragam para a indústria agrícola. Usando plataformas digitais para ajudar os agricultores, conectando sensores e sistemas de irrigação em fazendas para fornecer dados com base em aprendizado de maquinas, ajudando os fazendeiros a monitorar e manter suas fazendas e safras remotamente.

 

Incentivos governamentais

O ministro da Agricultura , Syahrul Yasin Limpo, sabe que incentivar os jovens a se interessarem pelo setor pode ser um “desafio extraordinário”. Todavia, prometeu apoiar os jovens agricultores, expandindo acesso a inovações e esquemas de financiamento.

O ministro ainda disse que o ministério continuará a desenvolver centros distritais de aconselhamento agrícola para melhor responder as necessidades dos agricultores, além de fornecer microcréditos e buscar triplicar as exportações.

 

Fonte: (1)
Leticia Polo

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