Meu Pior Vizinho estreia hoje nos cinemas brasileiros, distribuído pela Sato Company, trazendo uma história que combina humor, solidão urbana e uma construção de romance improvável e muito carismática. Dirigido por Lee Woo-chul, o longa adapta a comédia francesa Blind Date e a transporta para o contexto coreano, onde apartamentos pequenos, paredes finas e vidas silenciosamente caóticas fazem parte da rotina de muitas pessoas.
A narrativa acompanha Lee Seung-jin, vivido por Lee Ji-hoon, um músico que busca recomeçar a vida em um novo apartamento. A primeira noite no local vira um pesadelo quando sons estranhos atravessam a parede, levando-o a acreditar que está diante de uma assombração. A suposta presença sobrenatural é, na verdade, Hong Ra-ni, interpretada por Han Seung-yeon, uma designer que trabalha em casa, fala pouco com o mundo e parece afastar qualquer vizinho com seu jeito impulsivo e barulhento.

O encontro entre os dois começa com irritação, mas logo evolui para conversas que surgem do acaso. Eles se aproximam primeiro pelos ruídos, depois pelas provocações e, aos poucos, por uma intimidade que cresce sem contato visual. É uma inversão interessante dentro do gênero: aqui ninguém se apaixona pela aparência, e sim pelo cotidiano compartilhado através de uma parede que funciona ao mesmo tempo como barreira e ponte.
O filme se destaca pela leveza. Seung-jin e Ra-ni são personagens carismáticos, vulneráveis e engraçados, capazes de manter a história sempre aquecida. Ao contrário de muitos romances coreanos recentes, o longa não se esconde atrás do silêncio desconfortável. Os personagens falam de sentimentos, mesmo carregando seus pesos pessoais, e essa franqueza dá força à narrativa.

A dinâmica entre eles funciona tão bem porque o filme não se apoia apenas no casal. A rotina dos dois, somada aos personagens secundários que orbitam essa história, cria um ritmo gostoso de acompanhar. Cada aparição acrescenta humor e pequenas situações que fazem o apartamento deles parecer um mundo inteiro.
A comédia nasce do exagero cotidiano, do mal-entendido, da tentativa de conviver quando o espaço físico é quase inexistente. É uma história sobre solidão, mas também sobre afeto, com ritmo simples e agradável. No final, fica a sensação de que o filme entrega exatamente o que se propõe: algo leve, divertido e com aquele quentinho no coração que faz falta em dias corridos.

É uma produção que vale a pena ver no cinema, especialmente para quem gosta de romances que se constroem devagar e com bom humor. No fim, fica a sensação de que esse universo merecia mais tempo na tela, quase como se a história pedisse uma versão em formato de K-drama, daqueles que a gente assiste devagar porque não quer que acabe.
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Sinopse
Meu Pior Vizinho conta a história de Lee Seung-jin, um músico que sonha em recomeçar a vida quando se muda para um novo apartamento, mas vê sua tranquilidade desaparecer ao descobrir que a parede finíssima ao lado esconde Hong Ra-ni, uma designer reclusa que trabalha de casa, vive entre crises emocionais e barulhos constantes e já fez vários vizinhos desistirem de morar ali.
O convívio começa como incômodo, mas a curiosidade e as conversas que surgem através da parede transformam a relação em algo inesperado. Sem se verem, eles desenvolvem uma intimidade construída por ruídos, confissões e pequenos gestos que revelam a solidão dos dois. O filme acompanha a evolução desse vínculo improvável, mostrando como a convivência forçada em espaços pequenos pode abrir caminho para uma conexão que cresce devagar, com humor e afeto, até se tornar um encontro capaz de mudar os dois.

Ficha técnica
Direção: Lee Woo-chul
Roteiro: Park So-hee, Lee Woo-chul, Kim Ho-jung
Iluminação: Lee Nam-joo
Direção de arte: Kim Do-eun
Cenografia: Nam Sung-joo
Edição: Han Eon-jae
Efeitos visuais: Seo Sang-hwa
Trilha sonora: Kim Tae-hoon
Distribuição: Sato Company
Gênero: Romance, Comédia
Duração: 112 minutos
Idioma: Coreano (legendado)
País: Coreia do Sul
Elenco: Lee Ji-hoon (Lee Seung-jin), Han Seung-yeon (Hong Ra-ni), Ko Kyu-pil (Ku Ji-woo)

Fotos: Divulgação / Sato Company
Agradecimento especial: à Sato Company, pelo convite para a cabine de imprensa.
Dani Almeida é jornalista (MTB 0095360/SP) e estudou Ciências Sociais na UNIFESP. Atua como editora no Portal Asia ON e na Tune Wav, é colunista no Portal IT Life e redatora.





