Cinco pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em Bangladesh durante protestos contra o sistema de cotas para empregos públicos.
Nesta terça-feira, 16, estudantes e apoiadores do governo entraram em confronto em várias partes do país. A polícia utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes que protestavam contra as cotas de emprego no setor público, que reservam 30% das vagas para familiares de veteranos da Guerra de Independência de 1971.
Esses protestos, que mobilizaram dezenas de milhares de estudantes, são os primeiros de grande escala contra o governo da primeira-ministra Sheikh Hasina desde sua reeleição em janeiro. A alta taxa de desemprego entre os jovens agravou a insatisfação com o sistema de cotas, visto por muitos como injusto.
Em Rangpur, no noroeste do país, os protestos tornaram-se violentos, resultando na morte de um estudante após confronto com a polícia. Em Dhaka, a capital, imagens mostraram uma forte presença policial no campus da Universidade de Dhaka. Um estudante foi encontrado morto em uma poça de sangue e levado ao hospital, onde foi declarado morto.
Na cidade portuária de Chittagong, três pessoas, incluindo dois estudantes, também morreram durante os confrontos. “Não sabemos como eles foram mortos, pois não utilizamos força em Chittagong”, afirmou Saiful Islam, chefe de polícia local.
Para controlar a violência, a força paramilitar Border Guard Bangladesh foi mobilizada em todo o país.
Motivações dos protestos
O crescimento lento do setor privado em Bangladesh tem tornado os empregos públicos, com seus aumentos salariais regulares e outros benefícios, altamente desejados. Atualmente, 56% dos empregos governamentais são reservados para diferentes cotas: 10% para mulheres, 10% para pessoas de distritos subdesenvolvidos, 5% para comunidades indígenas e 1% para pessoas com deficiência.
Os protestos começaram no início deste mês após uma decisão da Alta Corte que ordenou a reintegração da cota de 30% para familiares de veteranos de guerra. A Suprema Corte suspendeu a ordem por um mês, mas os protestos continuaram e se intensificaram após a primeira-ministra Hasina recusar-se a atender às demandas dos estudantes, citando processos judiciais em andamento. Hasina chamou os opositores da cota de “razakar”, um termo pejorativo usado para descrever colaboradores do exército paquistanês durante a guerra de 1971, provocando mais manifestações.
Fonte: (1)