Pesquisadores da China criaram uma nova forma de tratar o diabetes tipo 2 usando células-tronco. O estudo, liderado por Jiaying Wu e publicado na revista “Cell Discovery“, testou a implantação de tecido de ilhotas pancreáticas derivado de células-tronco endodérmicas autólogas (E-islets) em um paciente de 59 anos com diabetes tipo 2 e nefropatia diabética em estágio avançado.
O diabetes tipo 2 é uma doença em que o corpo não usa insulina corretamente, levando o pâncreas a perder a capacidade de produzir insulina suficiente. Como resultado, muitos pacientes acabam dependendo de insulina exógena para controlar seus níveis de açúcar no sangue. O transplante de ilhotas pancreáticas de doadores é uma das opções de tratamento, mas é limitado pela escassez de doadores.
No estudo, os cientistas usaram células-tronco pluripotentes humanas (hPSCs) para criar E-islets, que são ilhotas pancreáticas derivadas de células-tronco. Essas ilhotas foram implantadas no fígado do paciente. A ideia é que essas células ajudem a regular o açúcar no sangue de forma mais eficaz.
O paciente foi acompanhado por 116 semanas após a implantação das E-islets. Durante esse período, ele mostrou um controle significativamente melhor do açúcar no sangue e uma redução na necessidade de insulina exógena. Antes do tratamento, os níveis de glicose do paciente variavam de 3,66 a 14,60 mmol/L, com uma média de variação glicêmica de 5,54 mmol/L. Ele também apresentava episódios diários de hiperglicemia (níveis de glicose acima de 10,0 mmol/L) e hipoglicemia (níveis de glicose abaixo de 3,9 mmol/L). Após a implantação das E-islets, a amplitude média da variação glicêmica caiu de 5,50 mmol/L para 1,60 mmol/L.
Além disso, os eventos diários de hiperglicemia e hipoglicemia praticamente desapareceram. O paciente também apresentou uma redução significativa nos níveis de hemoglobina A1c, que é um indicador de controle glicêmico a longo prazo. Os níveis de A1c do paciente diminuíram de 6,6% antes do tratamento para 4,6% após 113 semanas.
Os pesquisadores observaram que as E-islets sobreviveram e funcionaram bem no corpo do paciente, sem a formação de tumores ou outros efeitos adversos graves. Isso sugere que as E-islets são uma opção viável e segura para o tratamento do diabetes tipo 2.
A pesquisa também aponta para o potencial de uso das E-islets em outros tipos de diabetes. Os cientistas estão trabalhando para criar versões das ilhotas que possam ser usadas em mais pessoas sem a necessidade de medicamentos imunossupressores, que são necessários para evitar a rejeição do transplante pelo sistema imunológico do paciente.
O estudo mostra que o uso de células-tronco para tratar diabetes tipo 2 pode ser uma abordagem eficaz e segura. Com mais pesquisas, essa técnica pode se tornar uma nova opção de tratamento para diabéticos, oferecendo uma esperança para milhares de diabéticos em todo o mundo.