O Itamaraty — nome informal do Ministério das Relações Exteriores, responsável por representar o Brasil no exterior e prestar assistência consular a cidadãos brasileiros — emitiu um alerta oficial diante do aumento expressivo de casos envolvendo tráfico de pessoas no Sudeste Asiático.
Nos últimos meses, têm sido registrados diversos casos de brasileiros, especialmente jovens com conhecimentos em informática, aliciados por falsas promessas de emprego em call centers e empresas de tecnologia na Tailândia. As ofertas, divulgadas por meio de redes sociais, incluem salários atrativos e passagens aéreas custeadas, mas terminam em situações de sequestro, abuso e trabalho forçado em países vizinhos como Mianmar, Laos e Camboja.
Como funciona o golpe
Os criminosos oferecem salários atrativos, bônus por desempenho, acomodação e passagens aéreas. O ponto de entrada costuma ser Bangkok, na Tailândia. A partir daí, as vítimas são levadas ilegalmente para Mianmar, Camboja ou Laos, onde são submetidas a jornadas exaustivas, violência, retenção de documentos e trabalhos ilícitos.
Entre as atividades impostas estão fraudes digitais, como golpes com criptomoedas, cassinos ilegais e relacionamentos fictícios para extorsão. Em muitos casos, os brasileiros são forçados a aplicar os mesmos golpes com outras vítimas do Brasil.
O que diz a lei e quem são os alvos
A Lei nº 13.344/2016 classifica como tráfico de pessoas o recrutamento e transporte para fins de exploração, mesmo com consentimento da vítima. O uso de fraude, abuso de vulnerabilidade e falsas promessas configura crime.
Mulheres jovens estão entre os grupos mais afetados, especialmente nas situações de exploração sexual. Dados da ONU mostram que mais de 70% das vítimas registradas são mulheres.
Como identificar propostas suspeitas
O Ministério das Relações Exteriores orienta atenção redobrada a:
- Ofertas vagas, com salários altos e benefícios incomuns;
- Empresas que não fornecem contratos formais;
- Solicitação de passaporte ou documentos sem justificativa;
- Pressa no embarque e falta de informações claras sobre local de trabalho.
Se estiver em dúvida:
- Pesquise a empresa contratante e desconfie de perfis sem referência;
- Avise amigos e familiares sobre sua viagem;
- Mantenha seus documentos sempre com você;
- Não entregue originais nem dados sensíveis a desconhecidos.
O que fazer em caso de risco
Se estiver no exterior e se sentir em perigo:
- Vá até a Embaixada ou Consulado do Brasil mais próximo;
- Ligue para os plantões consulares (lista disponível no site do MRE);
- No Brasil, denuncie pelo Disque 100 ou Ligue 180, canais gratuitos e disponíveis 24h.
O Itamaraty e o Ministério da Justiça também disponibilizaram cartilhas informativas específicas para quem está no Sudeste Asiático ou pretende viajar para trabalhar na região. As publicações explicam, em linguagem acessível, como reconhecer situações de risco, além de orientar sobre assistência jurídica e repatriação.
Para mais informações:
Orientações aos cidadãos brasileiros que estejam passando por situação de emergência no exterior:
Se você está no Brasil e precisa solicitar assistência consular emergencial a um brasileiro no exterior fora do horário comercial, poderá ligar ou mandar mensagem para +55 (61) 98260-0610.
Em horário comercial, não é necessário ligar. Basta encaminhar mensagem para a Divisão de Comunidades Brasileiras e Assistência Consular, no e-mail dac@itamaraty.gov.br. Em caso de dúvidas gerais, mande mensagem para ouvidoria@itamaraty.gov.br.
Brasileiros no exterior que vivenciem uma emergência consular devem contatar diretamente a repartição consular do local onde se encontram. Clique aqui para consultar os telefones dos postos consulares do Brasil no exterior.
Os telefones de plantão consular atendem APENAS casos de emergência extrema, com necessidade de atuação imediata do agente consular, que envolvam risco à vida, à segurança ou à dignidade humana de brasileiro no exterior.
Fontes: (1) (2) | Foto: Divulgação Reddit
