Nesta quarta-feira (15), Wi Sunglac, Conselheiro de Segurança Nacional da Coreia do Sul, afirmou que cerca de mil sul-coreanos atuam em organizações criminosas no Camboja, país do sudeste asiático. Segundo ele, ainda não está claro quantos desses cidadãos são vítimas e quantos participaram por vontade própria; no entanto, mil é a média estimada.
Essa estimativa surge em meio à crescente preocupação, em Seul, com redes criminosas atuantes no Camboja, acusadas de aplicar golpes de emprego e promover sequestros. Essas organizações prenderam dezenas de sul-coreanos no país do sudeste asiático. Segundo relatos, a indústria de golpes online no Camboja emprega cerca de 200 mil pessoas de várias nacionalidades e mira vítimas ao redor do mundo, inclusive da Coreia. “Embora o número exato de coreanos envolvidos ainda seja incerto, as autoridades estimam cerca de mil cidadãos”, afirmou Wi durante uma coletiva no escritório presidencial.
De acordo com testemunhas e sobreviventes, muitas vítimas coreanas caíram em anúncios online que prometiam altos salários para funções como intérprete, digitador de dados ou gestor de redes sociais. Esses anúncios ofereciam cobertura de custos com mudança e outros benefícios, o que aumentava a atratividade das propostas. No entanto, ao chegarem ao Camboja, essas pessoas foram mantidas em cativeiro e forçadas a integrar esquemas de golpes online ou extorsão.

Enquanto Seul corre para repatriar os envolvidos e localizar os denunciados como sequestrados, o Conselheiro de Segurança Nacional destacou a dificuldade em distinguir vítimas de criminosos. Segundo Wi Sunglac, algumas pessoas viajaram voluntariamente ao Camboja, participaram de atividades criminosas e, depois, tentaram retornar, mas não conseguiram. “Em certo sentido, são ao mesmo tempo vítimas e autores”, afirmou o conselheiro a repórteres.
Prioridade sul coreana
Entre os cerca de 90 suspeitos presos durante operações em centros de golpe, entre julho e setembro deste ano, o governo prioriza o retorno rápido de cerca de 60 coreanos ainda detidos no Camboja. “Acima de tudo, é importante remover rapidamente essas pessoas das cenas do crime e investigar o grau de envolvimento de cada uma”, afirmou Wi. Segundo ele, para esses esforços, a cooperação ativa com as autoridades cambojanas é essencial.
Ainda nesta quarta-feira, uma força-tarefa conjunta do governo partiu para Phnom Penh, capital do Camboja, para discussões urgentes com autoridades locais. Liderada pela Segunda Vice-Ministra das Relações Exteriores, Kim Jina, a delegação inclui Park Sung-joo, chefe do Escritório Nacional de Investigação, além de representantes do Ministério da Justiça e do Serviço Nacional de Inteligência.
Durante a visita, Kim deve se reunir com sua contraparte cambojana no Ministério das Relações Exteriores para discutir a cooperação na repatriação de cidadãos sequestrados. A duração exata da estadia da delegação sul-coreana não foi divulgada.
Ações do governo sul-coreano
Separadamente da força-tarefa, o Ministério das Relações Exteriores da Coreia planeja enviar Park Il, ex-embaixador no Líbano, para ocupar temporariamente o cargo de embaixador no Camboja, atualmente vago. A embaixada sul-coreana em Phnom Penh enfrenta dificuldades para lidar com o aumento dos casos consulares, operando com apenas cerca de dez funcionários.
Um jovem sul-coreano de 22 anos foi encontrado morto no Camboja, em agosto, supostamente após ser sequestrado e torturado, um caso que atraiu atenção pública para a escala crescente desses golpes transnacionais. As autoridades policiais também devem discutir planos para conduzir uma investigação conjunta sobre a morte do estudante universitário.
A partir da meia-noite desta quinta-feira, entrará em vigor a proibição de viagem à região da Montanha Bokor. O Ministério das Relações Exteriores impôs esta medida que representa o nível mais alto no sistema de alerta de quatro níveis do governo.
Apesar dos esforços da Coreia, garantir a cooperação das autoridades cambojanas é crucial. Isto porque os oficiais coreanos têm capacidade limitada para agir sozinhos em solo estrangeiro. As tentativas de localizar e repatriar coreanos desaparecidos enfrentam grandes obstáculos. O motivo é porque as autoridades têm apenas uma ideia parcial de quantos foram atraídos ao Camboja por falsas ofertas de emprego.
Mais um problema
Em agosto, autoridades relataram que cerca de 80 cidadãos coreanos estavam desaparecidos no Camboja. Já se passaram quase dois meses sem atualizações sobre esses números.
Para complicar a situação, relatos na mídia indicam que algumas quadrilhas criminosas em Sihanoukville, cidade no sul do Camboja, começaram a se deslocar após maior exposição e fiscalização do governo sul-coreano.
Fonte (1). Foto destaque: Divulgação/The Korea Times
Socióloga e publicitária em formação, pela UFF (Universidade Federal Fluminense) e pela UNOPAR, respectivamente. Atualmente, atuo como redatora do Portal Asia On e do It Life, além de trabalhar como social media e fazer cobertura de shows e eventos.
- Beatriz Marzulo
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