Governo paquistanês apresenta orçamento anual em meio a crise econômica e instabilidade política

Foto: Karachi, Paquistão em 8 de junho de 2023 -REUTERS/Akhtar Soomro

Nesta sexta-feira (9), o governo do Paquistão se prepara para apresentar seu orçamento anual ao parlamento, em uma tentativa de atender às exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI) e aumentar as chances de obter mais apoio financeiro de resgate.

Essa medida se mostra crucial para o país, que enfrenta uma crise econômica marcada por déficits gêmeos e uma inflação recorde, abalando ainda mais a popularidade do primeiro-ministro Shehbaz Sharif e de sua coalizão antes das eleições. Além disso, a instabilidade política atual, com o líder da oposição, o ex-primeiro-ministro Imran Khan, enfrentando uma batalha com o poderoso exército do país, pode levar a economia a uma situação ainda mais crítica.

O Ministro das Finanças, Ishaq Dar, fará seu discurso de apresentação do orçamento no parlamento após as 16h (horário local) desta sexta-feira, em meio a esse contexto político dramático.

Alguns números do orçamento foram anunciados no início desta semana, incluindo um investimento em desenvolvimento de 1.150 bilhões de rúpias paquistanesas (aproximadamente R$ 19,68 bilhões) e uma meta de crescimento econômico de 3,5% para o próximo ano fiscal. Fontes também informaram à Reuters que as propostas iniciais do orçamento preveem um déficit fiscal de 7,7% do PIB, com gastos totais de 14,5 trilhões de rúpias paquistanesas (aproximadamente R$ 249,24 bilhões) e arrecadação de receitas de 9,2 trilhões de rúpias paquistanesas (aproximadamente R$ 158,44 bilhões). As propostas também estabelecem uma meta de inflação de 21%, muito abaixo do recorde histórico de quase 38% registrado em maio.

Na quinta-feira, o Fundo Monetário Internacional afirmou que vem discutindo o orçamento com o Paquistão.

O governo de Sharif espera convencer o FMI a liberar pelo menos parte dos R$ 12,30 bilhões restantes de um programa de resgate de R$ 31,94 bilhões ao qual o Paquistão aderiu em 2019 e que expira no final deste mês.

“O foco das discussões sobre o orçamento do ano fiscal de 2024 é equilibrar a necessidade de fortalecer as perspectivas de sustentabilidade da dívida enquanto cria espaço para aumentar os gastos sociais”, afirmou Esther Perez Ruiz, representante residente do FMI para o Paquistão, na quinta-feira. O Paquistão não atingiu quase todas as metas econômicas estabelecidas no último orçamento, em especial a meta de crescimento, inicialmente fixada em 5% e posteriormente reduzida para 2% neste ano. A projeção atual para o crescimento é de apenas 0,29% para o ano fiscal que termina em 30 de junho.

As reservas cambiais do país caíram abaixo de R$ 19,68 bilhões, de acordo com dados divulgados pelo banco central na quinta-feira, o que é suficiente para cobrir apenas cerca de um mês de importações.

O governo não tem margem fiscal para introduzir medidas populares que garantam votos ou estimulem a atividade econômica em declínio, pois possui poucas opções para aumentar as receitas no curto prazo, e as obrigações de dívida doméstica e internacional continuam se acumulando.

A coalizão de Sharif pode se sentir um pouco mais confortável diante dos problemas enfrentados pelo líder da oposição, Khan, cujo partido tem enfrentado uma série de deserções de líderes importantes após uma repressão por parte do exército.

Khan foi destituído em uma votação de confiança parlamentar no ano passado, mas pesquisas mostram que ele ainda é o político mais popular do Paquistão. Atualmente, ele enfrenta várias acusações legais, que vão desde corrupção até incitação e cumplicidade em assassinato, o que pode resultar em sua proibição de concorrer nas eleições.

Fonte: (1)

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