Governo sul-coreano propõe restrições ao inglês infantil

Governo sul-coreano quer restringir as aulas de inglês em pré-escolas para proteger o bem-estar e o desenvolvimento das crianças
Governo sul-coreano propõe restrições ao inglês infantil

Um projeto de lei que busca restringir o ensino de inglês para crianças pequenas ganha força, pois autoridades liberais e conservadoras unem esforços para conter a pressão acadêmica precoce. Segundo o gabinete da deputada Kang Kyung-sook, do partido liberal “Rebuilding Korea Party”, responsável pela proposta, a aprovação parece provável. Isso ocorre porque há crescente apoio dos superintendentes de educação em todo o país.

“Vemos de forma positiva a possibilidade de aprovação do projeto (…) antes, recebíamos muitas ligações de protesto, mas agora, nem tanto. Trabalhamos ativamente para construir consenso entre os superintendentes e seguimos defendendo a proposta”, afirmou um assessor de Kang ao The Korea Times.

O projeto proíbe completamente programas de reforço em inglês e outras matérias para crianças com menos de 36 meses. Para as mais velhas, mas ainda fora da escola, limita o ensino a 40 minutos diários. Se aprovada, a lei abrangerá todos os tipos de serviços de ensino de inglês, incluindo instituições privadas e tutores particulares. Quem descumprir poderá sofrer penalidades, como cancelamento de registro ou suspensão das atividades.

O movimento avança em meio a práticas intensas de educação privada, que submetem crianças a aulas rigorosas e exames de admissão para garantir vagas em “jardins de infância bilíngues em inglês”. Nessas instituições, o idioma principal de instrução é o inglês.

Debate sobre ensino precoce de inglês

De acordo com o gabinete da deputada Jin Sun-mee, do Partido Democrata da Coreia, todos os 17 escritórios de educação do país manifestaram apoio às restrições. Muitos órgãos destacaram riscos ao desenvolvimento emocional infantil e alertaram para possíveis consequências. O Escritório de Educação da Província de Chungcheong do Norte declarou que “A primeira infância é um período emocional e cognitivo muito sensível, e experiências com exames nessa fase podem gerar problemas, como baixa autoestima e ansiedade de aprendizagem”.

O Escritório de Educação de Jeolla do Sul expressou preocupações semelhantes, afirmando que os testes aplicados a pré-escolares “aumentam a pressão acadêmica desde cedo, intensificam a ansiedade dos pais e impulsionam o excesso de educação privada”.

Entre os órgãos, o Escritório Metropolitano de Educação de Seul mostra-se o mais enfático pois pede a proibição desses testes e a modificação das leis para torná-los ilegais. Segundo o Ministério da Educação, mais de 63% dos 820 jardins de infância bilíngues em inglês do país concentram-se na capital.

Por outro lado, os escritórios de Busan, Chungcheong do Sul e Gyeongsang do Norte pediram cautela. Alegam que restrições severas podem empurrar o ensino privado para a clandestinidade e limitar o direito dos pais de escolher a educação dos filhos.

Durante uma coletiva em 20 de outubro, o ministro da Educação, Choi Kyo-jin, afirmou que o país precisa de restrições. O motivo é que o ensino de inglês a pré-escolares está se tornando excessivo.

“Sou contra academias de inglês administrarem jardins de infância para crianças pequenas (…) entretanto, focar apenas em regulamentações pode levar a práticas menos visíveis. Por isso, nosso ministério busca ir além de punições, fortalecendo a supervisão, ampliando programas de inglês nas escolas públicas e promovendo a conscientização dos pais”, declarou Choi.

Fonte (1). Foto destaque: The Washington Post

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Socióloga e publicitária em formação, pela UFF (Universidade Federal Fluminense) e pela UNOPAR, respectivamente. Atualmente, atuo como redatora do Portal Asia On e do It Life, além de trabalhar como social media e fazer cobertura de shows e eventos.

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