Polícia da Malásia resgata 400 menores em lares de caridade após denúncias de abuso sexual

Malásia abuso sexual

As autoridades da Malásia realizaram, nesta quarta-feira (11), uma operação que resultou no resgate de mais de 400 crianças e adolescentes de lares de caridade gerenciados por uma organização islâmica, a Global Ikhwan Services and Business (GISB). Segundo a polícia, os menores eram suspeitos de serem vítimas de abuso sexual e negligência dentro dessas instituições.

A operação, conduzida em dois estados da Malásia, levou à prisão de 171 adultos, incluindo “ustazs” — professores religiosos islâmicos — que estavam associados aos lares. De acordo com o Inspetor-Geral da Polícia à Reuters, Razarudin Husain, as ações ocorreram em 20 diferentes locais.

Entre os menores resgatados, estavam 201 meninos e 201 meninas, com idades entre um e 17 anos. As autoridades da Malásia começaram a investigar o caso após receberem, no início deste mês, denúncias detalhando casos de abuso, assédio sexual e negligência, incluindo atos de violência física. As informações sobre quem registrou as denúncias não foram divulgadas.

Os lares em questão eram todos administrados pela GISB, uma organização empresarial com sede na Malásia que atua em diversas áreas, como supermercados e lavanderias, em países como Indonésia, Arábia Saudita, Singapura, França e outros. A empresa, em comunicado, negou as acusações feitas nas redes sociais de que teria explorado crianças como mão de obra e afirmou que colaborará com as investigações das autoridades.

De acordo com as investigações preliminares da polícia, muitos dos menores resgatados eram filhos de funcionários da GISB, enviados aos lares pouco após o nascimento. Uma das descobertas mais perturbadoras foi a de que os menores teriam sido forçados a praticar abusos sexuais uns contra os outros, depois de sofrerem violência por parte de seus responsáveis.

Razarudin também revelou que a GISB tem ligações com a extinta seita Al-Arqam, um grupo religioso banido pelo governo da Malásia em 1994. A organização reconheceu sua conexão com a seita no passado, mas atualmente se apresenta como um conglomerado islâmico que segue os ensinamentos muçulmanos. A GISB já havia atraído atenção anteriormente devido a suas visões sobre o casamento, incentivando a poligamia e fundando o controverso Clube das Esposas Obedientes.

Além dos abusos sexuais, foi revelado que as crianças eram submetidas a punições físicas, como ter colheres quentes pressionadas contra os braços quando não se comportavam adequadamente. Em outros casos, as vítimas eram molestadas sob o pretexto de estarem recebendo tratamentos médicos baseados em ensinamentos islâmicos.

O Inspetor-Geral Razarudin destacou que o caso vai além dos abusos físicos e sexuais, apontando para a manipulação emocional e religiosa das crianças para gerar simpatia pública e arrecadar fundos para a organização. “Observamos o uso da religião de forma prejudicial para doutrinar as crianças e obter vantagens,” disse ele.

As crianças resgatadas passarão por exames médicos, enquanto o caso continua sendo investigado sob as leis de abuso sexual contra crianças e tráfico de pessoas na Malásia.

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Fonte: (1) | Foto: Bandeira da Malária – Divulgação

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