Com mais de 40 anos de trajetória no mercado audiovisual, o empresário Nelson Sato, presidente da Sato Company, tem sido um dos principais responsáveis por aproximar o público brasileiro da cultura asiática e, mais recentemente, do fenômeno global da Hallyu, a chamada onda coreana. Em entrevista, ele compartilhou os bastidores dessa construção e analisou o momento atual do K-content no Brasil.
“A gente traz conteúdo asiático desde 1985. Mas foi em 2004 ou 2005 que me aproximei do conteúdo coreano, quando houve uma troca entre a KBS e a NHK. A série Winter Sonata foi para o Japão e virou um sucesso. Passou dos 60 pontos de audiência. Dizem até que aumentou o número de divórcios porque as mulheres começaram a comparar os maridos com o ator principal”, conta Sato, relembrando um dos marcos da expansão do conteúdo coreano pelo mundo.
A aposta se mostrou certeira. Em 2012, a Sato Company foi responsável por colocar o primeiro kdrama coreano na Netflix da América Latina: Winter Sonata, dublado em português. “Na época, não havia nada asiático na plataforma. Um executivo me perguntou o que funcionava na região e eu respondi: anime e drama coreano. Ele confiou, e deu certo.”
Desde então, a presença do K-content no Brasil não parou de crescer — e os números confirmam esse movimento. Em 2024, mais de 150 mil pessoas já foram aos cinemas brasileiros para assistir a produções coreanas ou coproduções com o país, segundo dados da Agência Nacional do Cinema (ANCINE). Filmes como 12.12: O Dia e Força Bruta – Sem Saída foram trazidos ao país pela Sato Company, que também vendeu Força Bruta Ultra à TV Globo. O longa foi exibido no Tela Quente, marcando a estreia de um filme coreano em horário nobre na emissora.
O fenômeno vai além do cinema. O documentário solo de RM, do grupo BTS, também foi distribuído pela empresa e teve sua melhor performance mundial no Brasil. “Superou os Estados Unidos. Isso mostra a força do fã brasileiro: apaixonado, engajado e fiel.”
Para Sato, o sucesso do K-content não é acidental. “O governo coreano entendeu o poder do audiovisual como instrumento de influência. Uma série pode gerar bilhões de dólares em turismo, gastronomia, cultura. E existe uma atuação coordenada entre governo e empresas como a CJ ENM e a HYBE. É um projeto bem estruturado.”
O executivo também destaca que esse interesse crescente tem incentivado colaborações inéditas. Em 2024, a Sato Company vai lançar Confusão na Amazônia, uma comédia coreana parcialmente filmada no Brasil, com atores brasileiros no elenco.
“É a primeira produção coreana gravada aqui. E temos mais sete filmes coreanos programados para este segundo semestre, romances, histórias inspiradoras e comédias.”
Sato acredita que o Brasil tem tudo para se tornar um dos principais mercados para a cultura coreana fora da Ásia. “Enquanto a Coreia continuar produzindo conteúdo de qualidade, com histórias cativantes e sensibilidade única, o público brasileiro vai continuar acompanhando. É um caminho sem volta.”
Entrevista publicada pela autora originalmente no Honorary Reporters e reproduzida no AsiaOn.
Fonte (1)/Foto: Assessoria de Imprensa/Divulgação
Jornalista apaixonado pela cultura coreana, acompanhando desde 2019 o universo dos comebacks, kdramas e a culinária do país. O que começou como curiosidade se transformou do dia a dia e uma terapia antiestresse.
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