Origami – A arte dobrar papel

Foto: shutterstock

A origem da palavra origami é proveniente da junção dos termos em japonês ori, “dobrar”, e kami, “papel”, a arte de dobrar e criar figuras com dobras e vincos se tornou um elemento importante na cultura japonesa.

Tradicionalmente, as figuras representadas são elementos da natureza, como animais e plantas, assim, cada uma possui um significado específico.

A origem

O papel foi originado na China, por volta de 105 d.C. Assim, a partir do século VII, os monges budistas chineses teriam levado o papel e as técnicas de dobradura para outros países do Oriente, entre eles, o Japão, onde se popularizou.

Os registros históricos localizam a origem dessa arte no Japão durante o Período Edo (1603 a 1867). As instruções dos modelos eram transmitidas verbalmente de geração para geração, como parte da herança cultural. Os japoneses passaram a praticar o origami e a desenvolvê-lo, assim, no século seguinte, passam a incluí-lo como elemento de rituais xintoístas.

Nessa época, havia algumas regras para a criação de origamis. Os papéis não podiam ser colados ou recortados, pois os xintoístas entendiam que somente mantendo-os inteiros poderiam homenagear e honrar as forças divinas das árvores que os originaram.

Somente em 1797 foi publicado o primeiro livro de origami de que se tem registro, o Hiden Senbazuru Orikata, que continha o conjunto de instruções para confecção do “pássaro sagrado da Índia”. Em 1845 foi publicado outro livro, o Kan No Mado, uma coleção de instruções para dobrar cerca de 150 modelos de origami.

Em 1876, as escolas japonesas incluíram a técnica como forma de aprendizagem. Entretanto, não foi sempre assim, até o início do século XIX o papel era um material nobre e muito caro, portanto, apenas os adultos tinham acesso.

Simbologia dos Origamis

Tsuru

A dobradura de pássaro (grou/tsuru) talvez seja a mais conhecida. Esse animal é tido na tradição japonesa como um símbolo de sorte, longevidade e saúde. Portanto, quem presenteia alguém com um origami de tsuru está também desejando bons presságios e vida longa.

Além disso, na cultura japonesa existe a crença de que se uma pessoa fizer mil origamis de tsuru e mantiver um pensamento elevado durante a feitura, ela tem direito a fazer um pedido e esse se realizará.

Foto: Divulgação/ Asia ON – Letícia Polo

 

Sapo

Outro tipo de origami muito comum é o do sapo. Esse animal tem como simbologia a vontade de que coisas positivas voltem a acontecer. Por isso, ele é oferecido a pessoas doentes, como um desejo de melhora da saúde.

Muitas pessoas levam essas dobraduras de sapo consigo como uma espécie de amuleto.

origami
Foto: Divulgação/ Asia ON – Letícia Polo

 

Iris

Esse é também um tipo de origami bastante tradicional no Japão, tanto quanto o tsuru. Essa flor carrega como simbologia a sabedoria e, na cultura japonesa, é um belo presente de aniversário.

Dessa forma, a dobradura de iris traz também todo esse significado e presentar alguém com ela significa votos de saúde e sabedoria.

Foto: Divulgação/ Asia ON – Letícia Polo

 

Outros formatos

Além dos tipos mais comuns citados a cima, a arte do origami expandiu de forma que outros animais, flores, folhas e objetos fossem reproduzidos com a técnica de dobradura. Seguem abaixo alguns dos exemplos:

origami
Foto: Origami.me / Sérgio Queiroz

 

Foto: Angelina Paloma

 

origami
Foto: Getty Images/ John S Lander | NAGAZAKI, JAPÃO

 

A Lenda dos 1000 Tsurus

Segundo a lenda japonesa, o tsuru ou grou pode viver até mil anos e era associado aos eremitas e suas propriedades mágicas de não envelhecer. Surge então a lenda de que se 1000 tsurus fossem feitos em origami com o pensamento voltado para uma intenção, esse desejo seria realizado.

Inicialmente era utilizado como decoração de quartos infantis, representando longevidade, mas logo foi associado à orações e cordões feitos com os tsurus passaram a ser pendurados em templos como oferenda com pedidos de proteção.

Sadako Sassaki

Essa lenda se tornou famosa no mundo todo depois que Sadako Sassaki, uma menina de 12 anos sobrevivente da Bomba de Hiroshima, que desenvolveu leucemia e que teve contato com a lenda quando cordões foram pendurados em seu quarto de hospital e, tocada com a intenção, começou a fazer os 1000 tsurus para que seu pedido fosse atendido e além de curada, que trouxesse paz ao mundo.

A menina faleceu antes de seus mil pássaros fossem completados, seus amigos dobraram os 354 tsurus que faltavam para homenagear Sadako para que fossem enterrados com ela.

Em janeiro de 1957 colocaram uma estátua de bronze em sua homenagem no Parque Memorial da Paz no centro de Hiroshima, onde ela segura um tsuru gigante. A inscrição gravada na pedra em frente ao monumento, diz: “Este é o nosso grito. Esta é a nossa oração. Para a construção da paz no mundo.”

Cartas e dobraduras são deixadas aos pés do monumento até hoje.

Foto: Divulgação/ hiroshima-navi.or.jp

 

O Origami no Brasil

  • Na década de 60, o origami passou a ser ensinado oficialmente pela Aliança Cultural Brasil-Japão (ACBJ), e com o apoio do Consulado Japonês, realizou-se algumas exposições e o mesmo foi ensinado em alguns programas de TV.
  • Na década de 80, o origami teve uma grande aceitação pelas mulheres que queriam ensinar aos seus filhos essa arte. Porém, na década de 90, houve uma diversidade no seu público, com pessoas das mais variadas profissões, idades ou sexo, que procuravam uma alternativa para combater o estresse e relaxar.

 

Benefícios da prática

O origami tem sido utilizado terapeuticamente em diversas áreas, como atividade anti-estresse, exercício lúdico, em trabalhos de desenvolvimento de coordenação motora fina e de aprimoramento de habilidades cognitivas.

 

Dia do Origami

Dia 11 de novembro é comemorado o Origami Day (Dia Mundial do Origami no Japão).

A data foi escolhida porque foi o dia em que o “tsuru” (dobradura do grou) foi oficialmente reconhecido como Símbolo da paz. E também foi nessa data que declarou-se o fim da Primeira Guerra Mundial, que ocorreu no ano de 1918.

 

Grandes artistas de origami

Akira Yoshizawa (1911-2005)

Foi um artista japonês essencial para a difusão do origami e para elevá-lo à categoria de arte.

Akira dedicou toda sua vida a essa arte secular e conseguiu criar mais de 50 mil modelos de dobraduras. Publicou vários livros onde ensinava a arte da dobradura com diversos métodos de ensino.

Kazuo Kobayashi

É o atual responsável pelo Origami Kaikan, centro de divulgação do papel e do Origami. No local se realizam cursos, benda de papéis japoneses, papéis especiais para origami, artesanato em papel, livros e vídeos sobre o tema. Palestrou e expôs em vários países, como Austrália, França, Áustria, Coréia, Portugal, EUA, Itália e China, onde recebeu prêmios, condecorações e cartas de agradecimento.

Outros nomes que merecem destaque são: Hideo Komatsu, o Satoshi Kamiya, o Takashi Hojyo entre outros origamistas não-asiáticos.

 

Outras técnicas

Inicialmente, o origami deveria ser feito com uma única folha, sem cortes e sem cola. Mas, com o passar do tempo, outras técnicas foram desenvolvidas e caíram no gosto popular, alcançando vários admiradores.

Técnicas como:

Kirigami – Pequenos pedaços que unidos formam uma única escultura;

Kirikomiorigami – Onde a cola é utilizada;

Origami Arquitetônico – Esculturas em 3D e com o máximo de detalhes possíveis, utilizado em maquetes;

Wet Folding – A técnica é usada para dar mais realismo às esculturas feitas, as dobras são feitas com o papel levemente umedecido para que os vincos sejam suavizados.

 

Diagramas de Origami

Se interessou pela arte do origami e quer tentar fazer? Abaixo colocamos alguns diagramas para você acompanhar e iniciar essa arte:

Foto: Fumiaki Shingu

 

Foto: Fumiaki Shingu

 

Foto: Fumiaki Shingu

 

Foto: Fumiaki Shingu

 

 

 

Fontes: (1), (2), (3), (4), (5)

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