Como TirTir e Labubu mostram que o viral pode (e deve) ser planejado

Por mais que pareçam espontâneos, os fenômenos virais seguem uma lógica que envolve estratégia, timing e muito conhecimento de público. Mas vale a pena. É o que mostram os dados do Lefty Report do primeiro quadrimestre de 2025, destacando o crescimento da marca sul-coreana de beleza TirTir. Na China, o modelo se repete com o personagem Labubu, da Pop Mart.

A TirTir, conhecida por seus produtos de K-beauty, registrou um crescimento de 315% em Earned Media Value (EMV), alcançando US$ 9,4 milhões em apenas três meses. O motor por trás desses números? A popularização de dois itens: o Mask Fit Red Cushion e o Waterism Glow Tint Mini. Com centenas de criadores de conteúdo impulsionando simultaneamente esses produtos nas redes, criou-se uma espécie de “boca a boca digital” em escala global.

Mas antes da viralização, houve trabalho de base. A marca investiu em pesquisa para entender os desejos do consumidor e usou isso como ponto de partida para ações de branding e construção de desejo. Hoje, TirTir já conta com uma flagship store em Seul que se tornou parada obrigatória para fãs de cosméticos coreanos.

Na China, a história é semelhante. A Labubu, personagem criada pelo artista How2Work e vendida pela gigante Pop Mart, movimentou aproximadamente R$ 2,1 bilhões em 2024, representando 23% do faturamento da empresa e aumento de 107% de vendas. De item de nicho a febre nacional, a ascensão da figura colecionável teve como base uma estratégia robusta de desenvolvimento de propriedade intelectual, colaborações criativas e uso simbólico de elementos da cultura local.

O que torna a Ásia tão eficaz na criação desses fenômenos está além das redes sociais. Países como Coreia do Sul e China operam com integração entre governo, indústria e cultura, incentivando a exportação de produtos culturais como parte de um projeto nacional. Além disso, o mercado asiático é conhecido pela agilidade em testar, adaptar e escalar produtos com velocidade, uma combinação de tecnologia, comportamento digital e sensibilidade ao consumidor.

Outro fator-chave é que, para muitos consumidores asiáticos, o produto é apenas a porta de entrada para uma experiência maior. Não se trata apenas de comprar um item de maquiagem ou um boneco colecionável, mas de mergulhar em universos que misturam entretenimento, estilo de vida e pertencimento.

Casos como TirTir e Labubu reforçam que, embora a viralidade ainda tenha seu componente de surpresa, ela pode, e muitas vezes deve, ser construída com pesquisa, planejamento e consistência. E a Ásia segue mostrando ao mundo como fazer isso com maestria.

Fotos: divulgação

Este artigo faz parte de uma coluna autoral e opinativa. As ideias e análises aqui expressas são de responsabilidade exclusiva da autora e não refletem, necessariamente, a posição editorial do Asia ON.

Jornalista apaixonado pela cultura coreana, acompanhando desde 2019 o universo dos comebacks, kdramas e a culinária do país. O que começou como curiosidade se transformou do dia a dia e uma terapia antiestresse.

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