Presidente sul-coreano nomeia crítico dos direitos humanos da Coreia do Norte como novo ministro da unificação

Kim Yung-ho, renomado professor, assume o cargo em meio a tensões crescentes e busca por maior conscientização internacional sobre abusos no país vizinho
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Nomeado para o cargo de Ministro da Unificação, Kim Yung-ho fala com repórteres no escritório presidencial em 29 de junho de 2023. | Foto: Yonhap

Nesta quinta-feira, 29, o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, realizou uma remodelação ministerial, e uma das escolhas mais destacadas foi a nomeação de Kim Yung-ho como novo ministro da unificação. Kim é um renomado professor de ciência política da Universidade Feminina Sungshin e é conhecido por suas críticas contundentes ao histórico de direitos humanos da Coreia do Norte. Essa nomeação ocorre em um momento em que Yoon busca ampliar o foco nos abusos aos direitos humanos no país vizinho, enquanto as tensões na península coreana aumentam.

A indicação de Kim Yung-ho reflete a postura de Yoon em destacar a questão dos direitos humanos na Coreia do Norte. No mês de março, o presidente sul-coreano afirmou que a comunidade internacional deveria ter um conhecimento mais aprofundado da situação no Norte. Com a nomeação de Kim, espera-se uma abordagem mais enérgica e enfática em relação aos abusos cometidos pelo regime norte-coreano.

A trajetória de Kim Yung-ho inclui experiência como secretário presidencial para unificação e enviado de direitos humanos durante as administrações conservadoras de Lee Myung-bak e Park Geun-hye. Sua nomeação, no entanto, pode adicionar tensões às relações entre as duas Coreias. A Coreia do Norte há muito tempo rejeita críticas às suas condições de direitos, alegando que essas críticas fazem parte de um plano para derrubar o governo.

Em um artigo publicado em 2019, Kim Yung-ho afirmou que o caminho para a unificação ocorreria quando o regime do líder norte-coreano Kim Jong Un fosse derrubado e a Coreia do Norte fosse libertada. Após o anúncio de sua nomeação, o professor Kim expressou seu compromisso em resolver a questão nuclear da Coreia do Norte com uma abordagem baseada em princípios, além de buscar melhorias nas relações intercoreanas.

No entanto, a nomeação de Kim Yung-ho também enfrenta críticas da oposição. Um porta-voz do principal partido de oposição, o Partido Democrático, afirmou que o professor não é adequado para o cargo de ministro da unificação, pois esse cargo exige a criação de bases para a unificação por meio do diálogo e das trocas. Essa divergência de opiniões ressalta as divisões políticas presentes na Coreia do Sul em relação à abordagem a ser adotada em relação à Coreia do Norte.

Além disso, a remodelação ministerial anunciada nesta quinta-feira também trouxe outras mudanças no governo sul-coreano. O chefe da comissão anti-corrupção e direitos civis foi substituído, e houve uma série de nomeações para cargos de vice-ministros. Essas mudanças refletem a busca do governo por uma abordagem mais sólida e principiada em relação às questões internas e externas do país.

A nomeação de Kim Yung-ho como ministro da unificação também impactou o mercado financeiro sul-coreano. As ações de empresas vinculadas à cooperação econômica entre as duas Coreias tiveram queda após o anúncio da remodelação ministerial. A empresa de vestuário In the F perdeu 5% de seu valor, enquanto a Hyundai Engineering & Construction registrou uma queda de 2%.

O Ministério da Unificação desempenha um papel fundamental no diálogo e nas trocas transfronteiriças, bem como no estudo dos abusos aos direitos humanos na Coreia do Norte e no auxílio à reintegração de desertores no Sul. A importância desse ministério varia de acordo com as relações entre as duas Coreias, que permanecem tecnicamente em guerra desde o armistício da Guerra da Coreia.

 

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