Em meio a uma temporada de escalada que tem sido marcada por tragédias, o Monte Everest continua a desafiar e cobrar um preço alto daqueles que se aventuram a conquistar seu pico imponente. Com pelo menos 10 alpinistas que perderam suas vidas até agora nesta temporada de escalada no Monte Everest, e dois deles, incluindo um cidadão de Singapura, reportados como desaparecidos, a pergunta que fica é: por que a jornada até o cume é tão perigosa?
De acordo com a Agence France-Presse (AFP), em média, cinco alpinistas perdem a vida a cada temporada de escalada na primavera no Monte Everest. Em 2023, o departamento de turismo do Nepal emitiu 478 permissões para alpinistas estrangeiros, e espera-se que mais de 900 pessoas – um recorde – tentem atingir o pico durante esta temporada, que se estende até o início de junho.
O Monte Everest está situado entre o Tibete e o Nepal, com uma altitude de 8.849 metros, sendo considerado o ponto mais alto da Terra. A montanha se estende por 2.400 km, abrangendo seis países asiáticos. Sua formação remonta a cerca de 50 a 60 milhões de anos, de acordo com a National Geographic. Foi em 1953 que o montanhista neozelandês Edmund Hillary e seu guia tibetano Tenzing Norgay fizeram história ao se tornarem os primeiros a alcançar o cume registrados oficialmente.
A maioria dos alpinistas sobe o Monte Everest pelo lado do Nepal. Eles fazem um curto voo da capital nepalesa, Kathmandu, até Lukla. A partir daí, eles percorrem cerca de 10 dias até chegar ao Acampamento Base do Everest, a 5.334 metros de altitude.
A primavera é considerada a temporada ideal para escalar o Everest, pois as condições climáticas são mais favoráveis em maio. No entanto, ao ultrapassar os 8.000 metros de altitude, os alpinistas entram na chamada “zona da morte”, onde a falta de oxigênio e o ar rarefeito tornam as condições extremamente desafiadoras.
A maioria dos alpinistas não está acostumada à grande altitude e aos baixos níveis de oxigênio, portanto, eles dependem do oxigênio engarrafado que levam consigo. A falta de oxigênio pode levar a problemas de saúde graves, como edema pulmonar de alta altitude (HAPE) e edema cerebral de alta altitude (ECGA), que podem ser fatais. Além disso, o corpo humano não é capaz de permanecer indefinidamente acima de 5.791 metros, de acordo com a National Geographic.
Outro desafio enfrentado pelos alpinistas é a superlotação. Nos últimos anos, as expedições ao Everest se tornaram mais populares, resultando em um aumento no número de alpinistas. Em 2019, uma foto de uma “fila” de alpinistas se acumulando no cume do Everest viralizou, destacando o congestionamento na montanha. A superlotação pode levar a atrasos significativos, exposição prolongada a baixos níveis de oxigênio e aumento do risco de acidentes.
Além dos perigos inerentes à escalada em alta altitude, as condições climáticas também representam um desafio. O Monte Everest experimenta temperaturas extremamente baixas, chegando a -83°C durante o inverno. A exposição a temperaturas tão baixas pode levar rapidamente a congelamentos e outras doenças relacionadas ao frio.
Ainda assim, apesar de todos esses desafios, o Monte Everest continua a atrair alpinistas de todo o mundo. A busca pela conquista do pico mais alto do mundo exige preparo físico, experiência, planejamento cuidadoso e, acima de tudo, respeito pelos perigos que a montanha apresenta.
À medida que a temporada de escalada no Monte Everest prossegue, as autoridades e os alpinistas continuam a enfrentar a tarefa de equilibrar a busca por aventura e superação pessoal com a necessidade de garantir a segurança e preservar a vida dos escaladores. Afinal, o Monte Everest permanece como um lembrete constante de que a natureza é poderosa e imprevisível, e conquistar seus desafios exige um respeito profundo pelos limites humanos.